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“Quadrilha era extremamente organizada para causar intenso sofrimento a esses animais” diz delegado

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Há quatro meses, quando uma mulher insistia em conversar com o delegado Matheus Laiola, chefe da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente da Polícia Civil do Paraná, ele ficou cético com a informação da denúncia: em dezembro, haveria uma rinha de cães da raça pitbull em Mairiporã, na Região Metropolitana de São Paulo.

Foi em Curitiba, pelas mãos do delegado, que virou uma referência na área de proteção animal no Estado, que a investigação iniciou. 

Uma batida policial foi realizada na rinha no dia 14 de dezembro e as cenas chocantes, de cachorros mortos, machucados e sendo assados em churrascos comoveram o país. 
Carne assada de cachorro foi encontrada no local. Foto: Polícia Civil/Divulgação
A rinha estourada em Mairiporã em que 19 cachorros da raça pit bull foram resgatados, agia internacionalmente, de acordo com a Polícia Civil do Paraná.

“Era uma quadrilha extremamente organizada para causar intenso sofrimento a esses animais”, afirmou o delegado Matheus Laiola.

“A gente encontrou uma cena muito chocante, porque no momento em que nós adentramos no recinto estava acontecendo o duelo. Dois cachorros estavam se pegando”, contou o delegado.

 Foto: Polícia Civil/Divulgação
O delegado chegou a dizer que nos 13 anos que está na Polícia Civil nunca tinha visto uma situação como a encontrada na rinha. “Tinha cachorro morto, tinha cachorro machucado. Tinha cachorro que era morto e assado para eles comerem. Uma cena totalmente de terror”, destacou.

Uma cena que marcou muito era que tinha um cachorro aqui de Curitiba que já tinha duelado, já tinha brigado. Na nossa frente, abaixou para urinar e era só sangue”, disse o delegado.

De acordo com o delegado, nenhum dos cachorros resgatados precisou ser submetido à eutanásia. “Quando a gente dava um pouco de água e um pouco de comida, eles ficaram desesperados, porque provavelmente fazia dias que não comiam nem bebiam nada”, afirmou.

Foto: Polícia Civil/Divulgação
“Eles estavam passando muita fome e muita sede, porque eles tinham que ficar estressados para a luta”, explicou o delegado.

As apostas

As apostas eram feitas fisicamente, ali no local, e também pela internet – no mundo inteiro, conforme o delegado.

“Era uma rinha internacional. Ano passado foi na República Dominicana, esse ano aqui no Brasil. Ano que vem provavelmente seria em outro país”, disse.

No local, segundo o delegado, a Polícia Civil de São Paulo apreendeu R$ 47 mil no local.

Animais selecionados geneticamente

De acordo com o delegado, tem cachorro avaliado em R$ 200 mil. Laiola explicou que os animais foram selecionados geneticamente e treinados para as brigas.

“A gente tem informação de cachorro correndo em esteira, fazendo natação. Dificilmente, um cachorro desse volta a ter um convívio com outros animais”, afirmou. 

Na sexta-feira (20/12), a Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva de 22 envolvidos na rinha de cães. Ao todo, 41 homens foram presos, mas apenas um permaneceu na prisão após ser apontado como o organizador do evento.

Acolhimento dos cães

Depois da descoberta da rinha, a Polícia Civil de São Paulo resgatou na terça-feira (17) mais 33 cachorros em situação de maus-tratos em uma chácara em Itu – o responsável pelo local também tem envolvimento com o evento em Mairiporã.
Pit bull encontrado machucado em rinha foi levado para abrigo onde recebe tratamento.
Os animais estavam com problemas de saúde, sem comida nem água, assim como outros cinco cães descobertos pelo delegado Laiola e sua equipe em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, que também pertencia a um dos detidos no sábado.

Os cães foram acolhidos pelo Instituto Fica Comigo, de Curitiba, e estão internados em uma clinica veterinária. Infecção detectada por exames de sangue e lesões são alguns dos problemas. 

Alguns dos cães estão bastante agitados e com problemas de socialização. “Mas com carinho, vai” diz a veterinária Beatriz Graça Gonçalves.
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