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Sem mãos e pernas, mulher tem pedido negado pelo INSS por não poder assinar o papel, em RO

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Sem poder trabalhar e vivendo de doações,  Cleomar já fez 3 pedidos ao INSS para tentar receber benefício. Todos foram negados. Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Os absurdos do Brasil. Esse é somente mais um daqueles casos que são difíceis de acreditar, mas são reais. Aconteceu no município de Porto Velho, Rondônia e foi divulgado nesta quarta-feira-feira (22).
Uma mulher sem mãos e pernas teve um pedido de benefício negado por não poder assinar os documentos oficiais que autorizam o pagamento do auxílio pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Porto Velho.
\”Uma servidora puxou os papéis e perguntou: \’quem vai assinar? Você assina?\’. Eu disse que não podia assinar, mas sim a minha filha ou minha mãe. A mulher então olhou e disse: \’ah, então não vale\’. Daí ela pegou, rasurou o papel e jogou fora\”, afirmou  a ex-sinaleira Cleomar Marques.
Amputações dos membros

Cleomar trabalhava como sinaleira em uma das usinas de Porto Velho e, de uma hora pra outra, passou a sentir dores fortes no estômago. Ela foi várias vezes na emergência e o médico desconfiou de uma gastrite.

Foto de quando Cleomar trabalhava em uma usina, em Porto Velho/Reprodução
A mulher então fez um novo exame e o foi informada que seu problema poderia ser uma bactéria que aparece na mucosa do estômago. Em uma outra consulta o médico informou que o problema era na vesícula.

A dor continuou e, após idas e vindas na emergência, Cleomar pediu para ser internada.

Foi então que os médicos decidiram operar a paciente. Após a cirurgia, Cleomar entrou em coma, teve infecção generalizada e os membros foram necrosando. Quando acordou não tinha mais os membros inferiores e superiores.

\”Quando eu acordei eu já estava assim (amputada). Abriram tudo em mim, mas eu não vi nada. Só lembro de entrar na sala de cirurgia\”, diz.

Benefícios negados
Em entrevista ao Jornal de Rondônia,  Cleomar Marques conta que entrou com três pedidos no INSS em 2019, mas todas as solicitações foram negadas. Uma delas porque não poderia assinar os papéis.

Mesmo com a negativa do INSS, fez um novo requerimento para tentar um benefício assistencial à pessoa portadora de deficiência, que também foi negado por ela ter uma renda per capta familiar superior a 1/4 do salário mínimo, ou seja, uma média de R$ 238,50.

Em um terceiro requerimento, a ex-sinaleira teve a solicitação de benefício negada porque o INSS alegou \”falta do período de carência\”.

Cleomar diz que precisa do auxílio do INSS pois não pode trabalhar e sua filha fica em casa para ajudá-la na alimentação e banho, por exemplo. 

Atualmente, mãe e filha dependem de doações de vizinhos e da igreja, para sobreviver.

\”Olha, é um constrangimento para mim tudo isso. Eu trabalhava, tinha minha vida e agora sou dependente dos outros. É a minha filha única que mora comigo, que faz tudo para mim\”, desabafa.

O que diz o INSS?

Segundo a assessoria de comunicação do INSS, foi solicitado ao instituto um auxílio-doença para Cleomar e este foi indeferido por falta de período de carência, no ano passado. 

Depois, um novo benefício foi solicitado, também sendo indeferido por apresentar renda per capita familiar superior a 1/4 do salário mínimo – R$ 238,50.

O INSS informou ainda que atendeu pessoalmente a filha de Cleomar e foi informado que um novo requerimento poderia ser feito se houvesse alteração da composição do grupo e também da renda familiar junto ao Cadúnico.

Ainda segundo o instituto, Cleomar agora pode procurar o INSS, pois poderá solicitar o requerimento de um novo benefício.

Rede Amazônica