O tom de despedida e o balanço feito por ele e seus dois principais auxiliares levam a crer que foi a última coletiva pilotada por Mandetta nesta quarta (15). Foto: Ueslei Marcelino/Reuters |
É sabido por todos que Bolsonaro e Mandetta têm protagonizado divergências em relação ao que fazer para controlar a propagação do coronavírus no Brasil.
Mandetta afirmou também que ainda não recomenda o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19. O medicamento é amplamente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.
—Os que estão internados devem ficar com monitor. Se têm arritmia, suspende (a medicação), mas ele está internado ali dentro (do hospital). É controlado – observou.
O ministro também criticou o \”achismo\” ao lidar com o assunto. — O Ministério da Saúde fazer um protocolo e ele [Bolsonaro] recomendar uso geral da cloroquina para pessoas fora do ambiente hospitalar, acima de 60, 70, 80 anos, falando que isso vai solucionar o problema… A gente cai numa coisa que Hipócrates falava: Demonstre. Ou se baseia na ciência ou fica no \’eu acho\’, \’na minha experiencia\’, \’eu tenho visto muitos casos\’. Em ciência, é a pior evidência – declarou.
\”FICO ATÉ ENCONTRAREM ALGUÉM PARA ASSUMIR O MEU LUGAR\”
Durante a coletiva nesta quarta (15), Mandetta confirmou que não aceitou o pedido de demissão de Wanderson de Oliveira, secretário da Vigilância de Saúde: “Entramos juntos e sairemos juntos”.
Mandetta se disse cansado após dois meses de trabalho na tentativa de conter a Covid-19.
Questionado sobre a permanência no cargo, o ministro disse que fica \”até encontrarem uma pessoa para assumir meu lugar\”.
Mandetta ainda afirmou que não há chance de ficar no governo. — São 60 dias nessa batalha. Isso cansa – desabafou.
Perguntado se acredita que a política de combate à pandemia vai mudar ele respondeu \”Não sei, mas acho que o vírus se impõe. A população se impõe. O vírus não negocia com ninguém. Não negociou com o (Donald) Trump, não vai negociar com nenhum governo\”.
Mandetta acrescentou que não sabe quem vai substituí-lo, \”mas nós vamos ajudar quem entrar, se quiser nossa ajuda. A gente tem compromisso com o país. Aqui é tudo marinheiro antigo, não tem principiante, ninguém vai torcer contra\”, concluiu.
Fontes do governo apontam que um dos cotados para substituir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta é o oncologista Nelson Teich, que atuou na campanha eleitoral do presidente e tem apoio da classe médica.
A decisão sobre o novo titular da Saúde, no entanto, ainda não está tomada, afirmam interlocutores do governo.
Atualização: Mandetta é demitido e médico oncologista assume o Ministério da Saúde.