Família foi vítima de acidente em Blumenau/Arquivo |
A morte de um jovem, vítima de um grave acidente de trânsito em Blumenau, causou polêmica e discussão nas redes sociais, pelo fato de aparecer na lista de óbitos por Covid-19.
Marlon Soares, de 27 anos, sofreu um acidente no dia 12 julho e teve politraumatismo. Ele foi socorrido pelos Bombeiros, em estado grave, e ficou internado no Hospital Santa Isabel até o dia 18 de julho, quando veio a falecer.
No dia do acidente, a filha, uma bebê de dois meses, também foi socorrida, mas morreu no hospital. A mulher de Marlon morreu no local.
Após a morte, Marlon Soares entrou para a estatística de óbitos por Covid-19 do governo do Estado. A doença foi considerada causa secundária da morte, pois ele testou positivo para o coronavírus.
Por conta da polêmica, o governo do Estado informou que vai retirar o nome de Marlon da lista de óbitos por coronavírus.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) explicou na sexta-feira (24) que “a gerência de Saúde de Blumenau comunicou a SES que o referido óbito tratava-se de um caso por causa externa (acidente de trânsito). Desta forma, o registro será retirado do banco de óbitos por Covid-19”. A atualização no sistema estadual deve ocorrer neste sábado (25).
No texto, a Secretaria de Estado da Saúde ressalta a importância do preenchimento correto da declaração de óbito, para que “inconsistências não ocorram”. No entanto, não revela se houve erro no documento que informa a morte de Marlon.
Por que a Covid-19 estava na declaração de óbito?
Conforme o diretor técnico do Hospital Santa Isabel, Marcos Sandrini de Toni, a Vigilância Epidemiológica do município foi informada de que a causa da morte não era o coronavírus.
Marlon morava em Gaspar e por isso coube à Secretaria da Saúde da cidade informar o óbito à Secretaria de Estado da Saúde.
\”O teste foi feito em Marlon conforme protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde\”, detalha o diretor. \”A rotina é a mesma para todos os pacientes que têm morte encefálica, como ocorreu com Marlon\”.
\”O teste foi feito em Marlon conforme protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde\”, detalha o diretor. \”A rotina é a mesma para todos os pacientes que têm morte encefálica, como ocorreu com Marlon\”.
Quando isso acontece, um exame é feito para que se defina se os órgãos podem ser doados, caso a família e as condições da pessoa (como idade e outras doenças) permitam.
A análise aponta se a pessoa possuía Covid-19, algo que impossibilita a doação e exige outro procedimento: o de alertar, através da declaração de óbito, todos que terão contato com o corpo.
A análise aponta se a pessoa possuía Covid-19, algo que impossibilita a doação e exige outro procedimento: o de alertar, através da declaração de óbito, todos que terão contato com o corpo.
\”Esse corpo é potencial difusor do vírus, até o velório é diferente por conta disso. Mesmo que a causa não tenha sido de Covid-19, precisamos colocar no atestado a informação para proteger outras pessoas de possíveis contágios. Não é para enganar ninguém\” esclareceu o médico.
Quando o coronavírus é a causa principal da morte, a informação deve estar na primeira parte da declaração.
Se é algo secundário, a palavra Covid-19 deve ficar mais abaixo, na “parte II” do formulário. Assim, a confirmação de mais um contaminado entra para os dados do Estado, mas o óbito é descartado da lista oficial.
O que diz a prefeitura
Por nota, a Vigilância em Saúde de Gaspar disse que como o coronavírus estava na certidão de óbito, “considera-se que existe a possibilidade do fato dele estar com Covid-19 ter influenciado de alguma forma no agravamento da situação de saúde. Pelo protocolo, como estava na Declaração de Óbito, Gaspar é obrigada a incluir o caso no boletim da Covid-19”.