Um médico foi preso na tarde da última quinta-feira (27), por não atender um delegado com prioridade, ou seja, antes de outros pacientes que aguardavam atendimento no posto de saúde de Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, segundo a secretária municipal de Saúde do município.
A Polícia Civil nega que este tenha sido o motivo da prisão e pontua seis crimes contra o profissional.
Em nota, a Polícia Civil informou que o médico foi preso por exercício irregular da profissão, desacato, resistência, desobediência, ameaça e lesão corporal. A corporação disse ainda que o profissional se alterou e ofendeu o delegado e sua equipe. O médico Fábio Marlon Martins França, no entanto, tem permissão para atuar na medicina.
De acordo com testemunhas, o delegado apresentava sintomas gripais e fez o teste rápido para Covid no posto de saúde. Mais tarde, quando voltou para buscar o resultado, viu que deu positivo e, por isso, pediu atendimento prioritário por ser autoridade.
O médico, por sua vez, recusou o atendimento prioritário, segundo a sua assessoria. Depois, o delegado voltou com dois policiais, algemou o médico dentro do posto de saúde e o colocou em um camburão.
Após o registro na delegacia, o profissional foi levado ao presídio.
Em audiência de custódia no dia seguinte, a Justiça liberou o médico, avaliando que Fábio, que faz parte do Programa Mais Médicos, tem autorização para exercer a profissão normalmente.
O juiz Fernando Oliveira Samuel afirmou ainda que “nada justifica no caso a condução coercitiva do profissional de saúde no momento que estava a atender o público” e que, “ao que parece, o delegado Alex Rodrigues, pode realmente ter abusado de suas funções públicas”.
Moradores protestaram contra a prisão do médico, que já atua há cinco anos no município. Após deixar o presídio, o médico disse que manterá sua postura.
“Todos têm que ser igual. Não é porque a pessoa tem um cargo melhor que vai passar por cima de pessoas que estão ali querendo atendimento, esperando sua vez. Isso eu não vou aceitar jamais. Se esse é o preço para eu cumprir, que me prenda novamente”, afirmou.
O Conselho Regional de Medicina de Goiás e o Ministério da Saúde confirmaram que não há qualquer irregularidade na atuação profissional de Fábio.
O conselho disse ainda que é direito e dever de cada médico concluir o atendimento em andamento antes de iniciar um novo e que uma consulta só pode ser interrompida em casos de emergência.
A Polícia Civil disse que a Corregedoria vai acompanhar todo o caso.















