Desde o início da pandemia no Brasil, 21.392 mil crianças menores de cinco anos já foram hospitalizadas com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) relacionada à Covid-19 e 1.335 mil morreram, sendo que 875 tinham menos de um ano de vida.
As informações foram divulgadas pelo Instituto Butantan nesta segunda-feira (7), e podem ser consultadas nos boletins epidemiológicos 43, 92 e 101 do Ministério da Saúde.
O Butantan também informa que o número real pode ser ainda mais alto, já que a testagem para o coronavírus ainda está aquém do necessário no país.
A estatística não deixa dúvidas sobre o grande risco que o coronavírus representa para crianças – que, ao contrário do que se pensava no começo da pandemia, também desenvolvem a doença grave e podem morrer.
Uma das consequências mais severas é a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), condição que atinge principalmente meninos e meninas não vacinadas. Mais de 1.500 crianças e adolescentes de zero a 19 anos já foram acometidos pela síndrome no Brasil.
Até o momento, a vacinação é a única forma de combater a Covid-19. Desde 20 de janeiro, a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, é aplicada no país na faixa etária de seis a 17 anos, após aprovação unânime da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Uma série de estudos científicos, no entanto, já comprovou a segurança e imunogenicidade da CoronaVac em crianças a partir dos três anos, como os ensaios clínicos de fases 1 e 2 feitos pela Sinovac e publicados na The Lancet Infectious Diseases.
Com base nessas evidências, países como China, Chile, Colômbia, Tailândia, Camboja, Equador e o território autônomo de Hong Kong já aplicam o imunizante nessa população. Nas próximas semanas, o Butantan pretende solicitar à Anvisa a inclusão da faixa etária de três a cinco anos no programa de vacinação com a CoronaVac.
A baixa incidência de efeitos colaterais é uma das características das vacinas de vírus inativado como a CoronaVac, já que o vírus nessa condição é incapaz de se replicar no organismo. Um estudo feito em Hong Kong mostrou que o imunizante tem 83% menos chance de provocar reações adversas do que vacinas de RNA mensageiro (mRNA). Na China, o acompanhamento de 120 milhões de crianças acima de três anos que tomaram a vacina tem mostrado que a CoronaVac causa raros e leves eventos adversos.
*Este texto é uma colaboração do jornalista científico Peter Moon para o portal do Butantan