A onda de frio que atinge grande parte do país, e que deve se estender até domingo (22) deixou agricultores em alerta, principalmente os que plantam hortaliças, banana e cana-de-açúcar. Isso porque, em caso de geada, essas culturas costumam ser as mais sensíveis, dizem pesquisadores.
Todas as regiões brasileiras produzem hortaliças folhosas. Entretanto, as regiões Sudeste e Sul concentram a maior parte da produção.
Se esses alimentos forem afetados, o frio pode resultar em produtos com menos qualidade e ainda mais caros — lembrando que alguns legumes, frutas e o café estão entre os itens que mais subiram de preço nos últimos 12 meses, até abril.
“Hortaliças como a batata, a alface e o tomate não são nada resistentes ao fenômeno. Se os cultivos forem destruídos, terá grande impacto”, afirma João Paulo Bernardes Deleo, pesquisador de hortaliças do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
TOMATE
No caso do tomate, Deleo explica que temperaturas muito baixas já podem ser prejudiciais. “Quando tem muito frio, a maturação acaba sendo retardada. Consequentemente, se temos menos produto, o preço não tende a diminuir e pode ser que aumente.
Mas se houver um aumento de temperatura na sequência, a maturação do tomate fica acentuada e o preço diminui novamente ou nem tem tanto impacto”, explica o pesquisador do Cepea.
A oferta do tomate já vem sendo prejudicada por causa de uma área menor de plantio, desde o começo da pandemia, e pelas chuvas do começo do ano.
O preço do alimento subiu mais 100% nos últimos 12 meses, e começou a baixar neste mês, mas o reflexo no bolso do consumidor só será sentido se o clima permitir.