Teve início nesta terça-feira (4) a primeira fase do julgamento da brasileira Manuela Vitória de Araújo Farias, de 19 anos, presa há três meses por tráfico de drogas na Indonésia. No país asiático, pessoas detidas com entorpecente podem ser condenadas a pena de morte.
A brasileira saiu de Florianópolis e foi detida em janeiro deste ano no aeroporto de Bali, onde ocorre o julgamento. Ela carregava aproximadamente 3 quilos de cocaína.
Conforme o advogado Davi Lira da Silva, que atende o caso de Manuela no Brasil, a sessão desta terça durou cerca de 1h30, onde foi feita a leitura da denúncia. No horário de Brasília, a audiência teve início às 3h30 da madrugada. A diferença de fuso entre os dois países é de 10 horas. A próxima sessão foi marcada para 11 de abril, quando o caso volta a ser discutido no país.
A Indonésia é conhecida por ser um dos países com as leis antidrogas mais rigorosas do mundo. A pena para quem for flagrado com drogas, em qualquer quantidade, pode variar de prisão perpétua até a morte por fuzilamento, segundo o Ministério das Relações Exteriores.
Conforme o advogado Davi Lira da Silva, que atende o caso de Manuela no Brasil, ela foi usada como ‘mula’ para levar a droga ao país, além de ter sido enganada por uma organização criminosa de Santa Catarina, que prometeu férias e aulas de surfe.
“O que queremos provar é que ela não é uma narcotraficante, ela foi usada como mula”, defende.
Manuela foi indiciada por tráfico de drogas em 27 de janeiro. Desde que foi presa, ela segue em uma delegacia na região e já conseguiu contato com familiares após o auxílio da Embaixada do Brasil no país. O governo federal que acompanha o caso.
A Polícia Civil de Santa Catarina não passou detalhes sobre a suposta organização criminosa, mas informou que “todas as investigações são mantidas em sigilo”.
No Brasil, Manuela tinha duas casas. O pai mora no Pará e a mãe, em Santa Catarina. A jovem atuava como autônoma, vendendo perfume e lingerie.
BRASILEIRO EXECUTADO NA INDONÉSIA
Em 2015, ficou famoso o caso de Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, executado em maio por um pelotão de fuzilamento após passar 11 anos em uma prisão na Indonésia.
Paranaense, Gularte foi preso em julho de 2004 após tentar entrar na Indonésia com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Ele foi condenado à morte em 2005, mas sua execução só se consumou no dia 29 de maio de 2015. Gularte foi executado junto com outros sete homens acusados de tráfico. Dois australianos, quatro nigerianos e um indonésio.
Ele foi o segundo brasileiro executado no país naquele ano – em janeiro, Marco Archer Cardoso Moreira, 53, foi fuzilado. Ele também cumpria pena por tráfico de drogas.
Archer trabalhava como instrutor de voo livre e foi preso em agosto de 2003 após tentar entrar na Indonésia pelo aeroporto de Jacarta com 13,4 kg de cocaína escondidos em uma asa delta desmontada.