Após determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Força Aérea Brasileira (FAB) avalia a compra de um novo avião presidencial ou a adaptação de um modelo para o uso exclusivo da Presidência da República. Com isso, o petista deve deixar de usar a aeronave comprada em 2005, no seu primeiro mandato, e apelidada de AeroLula.
Na época, a aeronave custou 56,7 milhões de dólares. O modelo inclui uma suíte com cama e chuveiro, além de sala de reuniões, e comporta cerca de 30 passageiros e 12 tripulantes. Naquele ano, manchetes nos jornais criticaram a compra extravagante. A Folha de São Paulo publicou uma matéria em janeiro de 2005, onde afirmou que Lula gastou mais com a aeronave do que investiu em saneamento ambiental urbano durante todo a ano de 2004, classificado de “ano da arrancada” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O valor já pago para a compra do Airbus presidencial é mais que o dobro do que foi investido em saneamento urbano’, dizia a matéria. O avião presidencial foi comprado sem licitação. Até os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos foram usados para justificar a compra, segundo documento reservado do Ministério da Defesa.
Em 2010, um ano antes de Dilma Rousseff assumir a presidência, Lula já havia levantado a ideia de trocar a aeronave por outra ‘mais moderna”. Lula chegou a dizer que as escalas feitas pela comitiva brasileira eram “humilhantes”.
“Acho que o Brasil precisa de um avião com maior autonomia para o presidente da República viajar”, disse Lula. A compra azedou.
PRESIDENTE QUER MAIS ESPAÇO
O presidente tem se queixado do atual avião — um ACJ319 — e deseja um modelo com maior autonomia, com mais espaço e que não exija diversas escalas para abastecimento. Nos cinco primeiros meses do mandato, Lula tem viajado pelo Brasil e para outros países, como Japão, Estados Unidos, Inglaterra e Portugal.
Em 2021, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), a FAB comprou duas aeronaves, anteriormente pertencentes à empresa Azul S.A, por R$ 375 milhões de reais. A compra foi feita por licitação pela Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington, nos Estados Unidos.
Durante a pandemia, a Aeronáutica enfrentou dificuldades para atender demandas no país, especialmente na crise da falta de oxigênio em Manaus (AM), quando não conseguiu transportar cilindros de oxigênio e precisou recorrer às empresas aéreas.
Agora, inclusive, os dois aviões podem ser uma alternativa se a compra efetiva de uma nova unidade sair mais cara para os cofres públicos. Nesse caso, a FAB precisaria reformar as aeronaves para atender às necessidades de Lula. A decisão, porém, ainda não foi tomada, e a FAB avalia as opções antes de encaminhá-las ao presidente.