Na manhã desta segunda-feira (4), por volta das 10h20, policiais militares foram acionados em apoio ao Corpo de Bombeiros na Rua Paulo Wiese, no bairro Campo da Água Verde em Canoinhas, em uma ocorrência que em tese seria de suicídio.
No local, os socorristas informaram ter encontrado a vítima em óbito, já em fase de rigidez cadavérica (isso significa que já haviam se passado pelo menos 6 horas da morte).
A vítima, identificada como Daiane Vogt, de 43 anos, estava no chão do quarto coberta por um lençol, o qual teria sido colocado por familiares após encontrá-la. Segundo a PM, na residência encontrava-se a mãe e o namorado da vítima.
O namorado, de 26 anos, relatou à polícia que morava com Daiane há cerca de um ano, e que na data de ontem (domingo,3) no período da tarde, foram até uma chácara de amigos e retornaram para a residência por volta das 18h.
Disse que saiu em seguida, indo até a casa de seu pai, e que a companheira ficou em casa vendo TV. Ao retornar, ficaram conversando até por volta das 22h15 e então ficou dormindo no sofá, enquanto a mulher teria ido para o quarto e se trancado lá.
Já a mãe de Daiane relatou aos policiais que estava em casa, e que hoje pela manhã, por volta das 10h, recebeu a ligação do namorado da filha, o qual dizia que estava preocupado com ela, pois estava trancada no quarto desde a noite de ontem e não respondia ligações nem mensagens.
A guarnição averiguou o local onde estava o corpo da vítima e pôde constatar alguns indícios que causavam estranheza diante do ocorrido e das circunstâncias.
O suposto suicídio teria ocorrido por meio de arma branca (faca). A vítima estava no chão, com o tronco voltado para cima, seminua, trajava apenas uma calça, sem vestes superiores.
Foi possível constatar uma lesão na altura do peito, logo acima do seio direito, que aparentava ser de um objeto perfurocortante. Não havia grande quantidade de sangue ao redor do corpo, mas sim, uma quantidade concentrada debaixo das costas e atrás da cabeça.
Havia uma faca com marcas de sangue na mão direita da vítima. Não havia lesão nos pulsos, nem na região da artéria carótida. Ainda, foi possível constatar que havia, no banheiro, uma tesoura com marcas de sangue e alguns respingos no chão do local.
Foi indagado várias vezes ao homem sobre as circunstâncias do ocorrido, sendo repetido por ele que, teria dormido no sofá e encontrou o corpo somente hoje pela manhã.
A guarnição preservou o local até a chegada da Polícia Científica, que fez todo o levantamento de informações e constatou haver mais respingos de sangue pelos cômodos da casa, além do quarto e banheiro. Havia indícios também de que a faca teria sido colocada na não da vítima.
Ao averiguar o corpo, foi constatado uma grave lesão na parte posterior do pescoço, logo abaixo da região da nuca, também do que parecia ser de objeto perfurocortante.
Ligação suspeita
Na noite de domingo (3), o Corpo de Bombeiros recebeu uma ligação, a qual teria sido feita pelo namorado de Daiane, relatando ocorrência de ‘feminina ferida por arma branca’, mas em seguida o homem teria retornado a ligação, cancelando o atendimento, pois conduziria a vítima por meios próprios.
Segundo a Polícia Militar, todas as informações levantadas, quando confrontadas com a versão do homem, são negadas por este.
Ele alega não ter feito a ligação ao Corpo de Bombeiros, que desconhece tal circunstância e afirma o relato que deu em primeiro momento ao policiais, mesmo diante de todas as circunstâncias e provas em contrário.
Contudo, em vista dos fatos e informações apuradas, tanto pela Polícia Civil como Militar, foi constatado que se tratava de um crime de feminicídio.
O homem recebeu voz de prisão e conduzido para a Delegacia, onde foi ouvido e autuado em flagrante delito. Em seguida foi encaminhado para a Unidade Prisional de Canoinhas. Durante a tarde, a Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva.
Daiane Vogt era farmacêutica na Zaka Farma em Canoinhas, que emitiu nota de pesar pela morte da colaboradora:
“Só o tempo é capaz de amenizar a dor de perder alguém que amamos. A saudade e as lembranças são eternas, permanecem vivas, florescem e, como o amor, jamais morrem. Nesse momento de dor e pesar, deixamos aqui nossa singela homenagem.
Descanse em Paz Daiane. A violência não é somente física,mas principalmente psicológica. A luta contra o feminicídio é de todos nós!”.