A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta segunda-feira (29), novos mandados de busca e apreensão em continuidade à Operação Vigilância Aproximada, deflagrada na última quinta-feira. O objetivo é investigar organização criminosa que se instalou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem de adversários políticos.
Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Angra dos Reis/RJ (1), Rio de Janeiro/RJ (5), Brasília/DF (1), Formosa/GO (1) e Salvador/BA (1).
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi um dos alvos da Operação. A PF esteve na casa do pai dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na região de Angra dos Reis (RJ).
A Polícia Federal investiga se Carlos Bolsonaro usava assessores para solicitar informações de forma ilegal por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A suspeita está no relatório de investigação que baseou a operação.
Em uma das mensagens obtidas pelos investigadores, Luciana Almeida, apontada como assessora de Carlos Bolsonaro, entra em contato com Priscila Pereira e Silva, identificada como assessora do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, para solicitar “ajuda ” da “Abin paralela”.
De acordo com a mensagem de WhatsApp, que faz parte do inquérito, a solicitação envolvia dados sobre as investigações contra Jair Bolsonaro e seus filhos.
“Bom diaaaa. Tudo bem? Estou precisando muito de uma ajuda. Delegada PF. Dra. Isabela Muniz Ferreira – Delegacia da PF Inquéritos Especiais Inquéritos: 73.630 / 73.637 (Envolvendo PR e 3 filhos). Escrivão: Henry Basílio Moura”, diz a mensagem.
Após avaliar o material apreendido, a PF passou a suspeitar que os contatos entre Carlos Bolsonaro e Ramagem eram feitos por meio de seus assessores.
“Destaca-se que conforme se depreende da IPJ 183071/2024 que a comunicação entre os investigados del. Alexandre Ramagem e Carlos Bolsonaro se dá principalmente por meio de seus respectivos assessores”, diz a PF no relatório.
Na decisão na qual autorizou as buscas e apreensões contra Carlos Bolsonaro e os demais envolvidos na investigação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), argumenta que as provas obtidas até o momento demonstram a existência de uma “organização criminosa” para realizar ações clandestinas na Abin.
“Os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na Abin também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras, bem como para fiscalizar indevidamente o andamento de investigações em face de aliados políticos”, escreveu Moraes.
Na última quinta-feira, o ministro também autorizou buscas contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro.
De acordo com o processo, Ramagem, policiais e delegados da PF que estavam cedidos para a Abin, além de servidores do órgão, teriam participado de uma organização criminosa para monitorar ilegalmente autoridades públicas. O caso é conhecido como “Abin paralela”.
Querem me esculachar, diz Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais um vídeo em que aparece ao lado do filho, durante a operação deflagrada pela PF.
No vídeo, Bolsonaro está do lado de fora da casa de praia da família, em Angra dos Reis (RJ). Em seguida, Carlos sai pelo portão e fica ao lado do pai.
O ex-presidente compartilhou a gravação nas redes sociais com a seguinte legenda: “Desmentindo a fake news que Bolsonaro teria se ‘escondido’ na operação da Gestapo (PF) de hoje”.

Fabio Wajngarten disse que o ex-presidente e os filhos estavam pescando quando a PF chegou na casa.
Jair Bolsonaro afirmou que a intenção da operação de busca e apreensão deflagrada na casa dele de Angra dos Reis é a de “esculachar” com ele e sua família:
“Querem me esculachar, me fazer passar por constrangimento”, diz ele. Bolsonaro afirma que a intenção é encontrar algo que o envolva em algum crime, mas que isso “não vai acontecer”, já que ele não teria envolvimento com a Abin paralela, citada na investigação. “Estão jogando rede, pescando em piscina. Não tem peixe”, diz.
			





























