A paixão por animais já florescia na infância de Luis Enrique Dias Wisniewski. Inspirado pelo avô, que criava bichos de todos os tipos, Luis encontrou um hobby em um grupo específico: as galinhas.
Sua jornada começou com as tradicionais galinhas caipiras, mas logo o zootecnista se deparou com um mundo fascinante: as aves ornamentais. Estas galinhas, criadas pela beleza e não pelo abate, despertaram nele um interesse imediato.
Tudo começou em 2015 com a compra de um galo da raça polonesa. Criado na propriedade da família em São Mateus do Sul, no sul do Paraná, o animal se destacava por sua beleza singular, com penas na cabeça que lembram uma coroa.
Na época, Luis conta que as informações sobre criação de aves ornamentais eram escassas. Diante disso, ele se dedicou aos estudos, aprofundando seus conhecimentos. Com a expertise adquirida, ele viu a oportunidade de auxiliar outros entusiastas do ramo. Assim nasceu o canal Rancho LW no YouTube, que hoje conta com quase 95 mil inscritos.
Luis explica que ciar aves ornamentais no Paraná exige alguns cuidados: registro formalizado junto à Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e, para venda, registro no mesmo órgão. Já para aves ornamentais que não sejam galinhas, pode ser necessária a liberação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“Se olharmos para o período de 2015 a 2024, esse nicho explodiu. São diversos perfis fazendo um sucesso absurdo em todas as redes. Eu vi esse nicho se desenvolver e posso dizer que fui um pioneiro nessa área”, afirma Luis.
Pouco a pouco, a criação de aves ornamentais foi aumentando – ele chegou a ter 250 aves exóticas entre galinhas, codornas e perus.
Atualmente, 90% das raças ornamentais no Brasil são estrangeiras, o que as classifica também como exóticas, já que não fazem parte da fauna brasileira.
Ainda conforme o zootecnista, as raças ornamentais não são totalmente adaptadas ao clima tropical, ou seja, podem sofrer pelo calor ou pelos parasitas locais caso não sejam manejadas de maneira apropriada.
Aves mais sensíveis
De acordo com Luis, entre as galinhas caipiras e as galinhas ornamentais, há diferenças que vão além da aparência.
Ele explica que as galinhas caipiras foram, ao longo dos anos, se tornando animais mais resistentes ao se adaptarem a diversos ambientes, alimentos e exposição a doenças diferentes, por exemplo.
Já as galinhas ornamentais são menos resistentes, uma vez que a forma de criação delas prioriza outros pontos, como a beleza. A seleção desses animais, conforme o zootecnista, se deu de maneira artificial.
“Foram selecionadas galinhas para que se tivesse o melhor topete, a melhor plumagem. Então enquanto uma foi pautada pela seleção natural, pensando na resistência, a outra foi uma seleção artificial, que não pensava em produção e muito menos em resistência. A galinha caipira pode ser criada solta, a galinha ornamental é mais delicada. Tem que ter um ambiente controlado, sem barro, com pouca umidade, piso de concreto, raças separadas por baias, porque elas não têm genes de resistência.
Ele conta que chegou a tentar transformar o hobby em negócio para comercializar os animais, mas os planos mudaram quando ele não conseguiu liberação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) para formalizar a criação das aves.
“Como a criação veio de um hobby e não foi construída com foco comercial, não liberaram o registro. A definição é de que o terreno era muito pequeno e não cumpria com as normativas. A partir dali, tive que encerrar a criação. Continuo trabalhando com avicultura, mas do rancho para fora, não do rancho para dentro.”
Com isso, os planos do zootecnista mudaram. Ele manteve cinco galinhas da raça polonesa, que são criadas pelos avós sem fins comerciais. Paralelamente, ele também continuou com o canal. Luis acredita que pode ajudar pessoas a descobrirem um hobby, como aconteceu com ele.
“Meu propósito é ajudar as pessoas a se desenvolver, oferecer uma oportunidade de se reencontrar na vida, reencontrar a beleza nas coisas, distrair a mente, encontrar um hobby. Conheço pessoas que, tendo contato com a criação de aves ornamentais, conseguiram se reencontrar, se reconectar com elas mesmas e com amigos e familiares”.