O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (30), o último pregão do ano, a R$ 6,1797, depois de uma nova intervenção do Banco Central do Brasil (BC). O resultado, no entanto, não foi suficiente para amenizar o avanço da moeda em 2024, que fechou com uma alta acumulada de 27,35%.
A valorização do dólar no ano é resultado de uma série de fatores externos e internos, como conflitos internacionais, nível de juros nos Estados Unidos e expectativas em torno das contas públicas brasileiras.
Especialmente neste fim de ano, os holofotes ficaram com o quadro fiscal do Brasil, em meio a receios do mercado financeiro sobre a efetividade do pacote de corte de gastos anunciado pelo governo em novembro.
O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025.
Em termos simples, os receios do mercado financeiro em relação às contas públicas se refletem no dólar da seguinte forma:
- Se o Brasil está pouco atrativo, os investidores tiram dólares do país, enfraquecendo o real.
- Sem cortar gastos, o país tem uma perspectiva menor de controle da dívida pública;
- Um país mais endividado tem uma probabilidade maior de não cumprir com seus compromissos financeiros, e se torna mais arriscado;
- Um país mais arriscado só se torna atrativo se pagar juros mais altos pelos títulos;
- Com países mais seguros pagando juros mais altos no exterior, o Brasil fica menos atrativo;
Mercado financeiro eleva previsão de inflação e do dólar para 2025
O mercado financeiro elevou a previsão de inflação para o próximo ano pela 11ª vez seguida e a do dólar pela nona vez consecutiva. De acordo com agentes do mercado financeiro consultados pelo Banco Central (BC), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2025 em 4,96%
A previsão consta no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (30) pelo Banco Central (BC). O relatório semanal reúne as expectativas de agentes do mercado financeiro, como bancos de investimento, gestores de ativos e outras instituições do mercado.
A estimativa do Boletim Focus é mais pessimista que as previsões oficiais.
O governo federal estima um IPCA de 3,1% para o próximo ano, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 aprovada no Congresso Nacional.
Dólar
Pela nona vez consecutiva, o Boletim Focus elevou a previsão do preço do dólar para 2025. De acordo com o relatório, a previsão é que a moeda custe, em média, R$ 5,96 no próximo ano. Há uma semana, o Boletim Focus estimava um dólar à R$ 5,90. Por sua vez, a LDO aprovada no Parlamento prevê uma taxa de câmbio média de R$ 4,98 para o próximo ano.
Por outro lado, o Boletim Focus manteve nesta semana a previsão para a taxa Selic de 2025, que é a taxa básica de juros definida pelo Banco Central. O mercado manteve a estimativa de uma Selic a 14,75% ao ano em 2025. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
Porém, o Boletim elevou a previsão da Selic para 2026, quando avalia que a taxa será de 12% ao ano. Na semana passada, o mercado estimava que a Selic em 2026 ficaria em 11,75%.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Boletim Focus prevê um crescimento de 1,8% em 2025. Há uma semana, o mercado estimava um PIB de 1,9% no próximo ano. Esta é a segunda semana seguida que o mercado financeiro reduz a estimativa do PIB para 2025. De acordo com os números oficiais previstos na LDO, o PIB em 2025 será de 2,5%.