Projeto urbanístico do calçadão da Rua Felipe Schimidt. |
As cidades são feitas de pessoas, nada mais natural de que sejam planejadas para elas.
Pensa-se muito nos veículos, deixando em segundo plano os pedestres e ciclistas, que a cada dia perdem mais seu espaço nas vias urbanas.
Países desenvolvidos pensam nas cidades para pessoas e não para carros, com prioridade ao transporte coletivo e à mobilidade ativa.
Ainda que a necessidade de melhorias no trânsito tenha seu valor, pensar os espaços focando apenas nisso tem se revelado o principal fator para termos hoje congestionadas, não só as grandes metrópoles mas também os pequenos municípios.
Sobre esse assunto, para uma plateia de aproximadamente 10 pessoas, foi apresentado na noite de segunda-feira (18), na Câmara Municipal, o polêmico projeto de abertura e reurbanização do calçadão da Rua Felipe Schimidt, no centro de Canoinhas.
Rafael Rottili Roeder, secretário municipal de Planejamento, apresentou aos vereadores e à comunidade presente, o projeto urbanístico do calçadão, atendendo ao requerimento do vereador Mario Erzinger, que considerou existir muitos questionamentos por parte da comunidade relativo a obra.
O projeto visa \”embelezar nossa cidade, além de atender as exigências dos padrões de calçadas e pista para os veículos\”.
Após a explanação de Roeder (ver abaixo), Paulinho Basilio diz que o projeto parece bom, mas lembrou que \”o planejamento deve ser feito mais para pedestres e ciclistas e não para os carros e afirmou estar preocupado principalmente com o custo da obra\”.
Se é viável — porque vai ser custeada provavelmente com recursos próprios — e se nesse momento realmente a prioridade é realizar a obra previlegiando os automóveis.
Também questionou se o município tem capacidade financeira para começar e terminar a obra (fazendo referência à obra da pra Lauro Muller).
Célio Galeski questionou se \”—a abertura que foi realizada não pode ser utilizada nesse projeto, já que dinheiro público foi investido. Ou o valor foi mal investido\”?
Roeder respondeu que \”um remendo pode ficar pior, por isso a abertura já feita não vai ser utilizada. As faixas de veículos ficarão no centro, por ser mais seguro para os pedestres\”.
Coronel Mario também concordou que abrir ruas vai na contramão da história de outros municípios e do mundo. Todavia, hoje, o calçadão não atende as normas da NBR (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Erzinger questionou o secretário se o projeto foi submetido para a Associação dos Engenheiros do Vale de Canoinhas, que anteriomente havia solicitado que qualquer projeto, com respeito a mobilidade urbana, fosse submetido para análise técnica.
Roeder afirmou que esse projeto \”—não foi aprovado por nenhum conselho do Plano Diretor, nem pela Associação dos Arquitetos e Engenheiros, apesar de eu fazer parte dela. Foi um projeto técnico elaborado pela secretaria do planejamento e foi uma decisão técnica tomada por nós mesmos\”.
Afirmou ainda \”já foi lançada a licitação, já teve a empresa ganhadora e já deve estar na fase de contrato. O projeto foi aprovado pelo Conselho de Trânsito, que é o principal\”. Roeder lembrou que quando assumiu a secretaria do planejamento só entrou com a parte técnica do projeto.
A Empresa Paviplan Pavimentação Ltda, foi a vencedora do certame, e irá realizar a abertura calçadão ao custo de R$ 569.645,85.
A obra deverá ser executada em um prazo máximo de 6 meses. O trabalho está incluso em um \”pacote\’, onde a mesma empresa iá realizar a pavimentação da Rua Adolfo Voigt, Rua Guilherme Gonchorovski e Rua Sérgio Gapski, no valor total de R$ 2.202.020,52.
Estudo Urbanístico para Abertura do Calçadão na Rua Felipe Schmidt, apresentado por Rafael Rottili Roeder
O Calçadão da Rua Felipe Schmidt foi um marco histórico na cidade de Canoinhas, mas hoje encontra-se boa parte danificado.
Por passar muito tempo sem manutenção, alguns pontos da pavimentação em pedra petit pavet encontram-se soltos, não permitindo o tráfego seguro.
O mobiliário urbano existente apresenta-se desgastado.
Em vermelho, as ciclovias. |
A via de leito com rolamento conta com apenas um sentido, sem estacionamentos e é pouco utilizado, não valorizando o comercio do local.
Os ciclistas não tem um espaço reservado somente a eles desvalorizando o uso da bicicleta e causam conflitos com os pedestres.
Analisando a necessidade de fluxo, o projeto apresenta vias de sentido duplo e estacionamento pontual (pelo projeto apresentado, percebe-se a criação de sete (7) vagas, em um só sentido da via), procurando viabilizar o comércio local.
Foram criados nichos com mobiliários urbanos, junto às faixas de travessia trazendo conforto para as pessoas.
Melhorar a paisagem urbana traz maior qualidade de vida para as pessoas que passam a usar mais os espaços público.
“Canoinhas poderia dar o exemplo de evolução desde já. Não precisamos passar por tudo que outras nações já passaram para só então mudarmos de atitude\”, Paulinho Basílio.
Em fevereiro deste ano, o vereador Coronel Mario Erzinger apresentou requerimentos direcionado à secretaria de Planejamento solicitando procedimento de estudos necessários para confecção e implementação do Plano de Mobilidade Urbana de Canoinhas, conforme prevê lei complementar 061/2017, e que institui o novo Plano Diretor do município.
Canoinhas precisa mesmo de mobilidade urbana e acessibilidade, dois conceitos um pouco desconhecidos por aqui.