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“Seres nojentos”, disse adolescente que matou pais para ficar com namorada no RJ

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Adolescente de 14 anos matou os pais e o irmão de 3 anos em Itaperuna (RJ) e chocou pela frieza das mensagens trocadas com a namorada, que incentivou o crime e pediu fotos dos corpos.

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O crime que vitimou uma família no dia 21 de junho – pai, mãe e o filho de 3 anos – no distrito de Comendador Soares, em Itaperuna (RJ), chamou a atenção dos investigadores pelos detalhes cruéis planejados por um “casal” de adolescentes.

O menino de 14 anos e a menina de 15 anos se conheceram em um jogo online e mantinham um relacionamento virtual havia seis anos, quando tinham cerca de 8 anos de idade. As investigações apontaram que ambos consumiam conteúdos de violência extrema, por meio de redes sociais, games, vídeos e até filmes.

Segundo os investigadores, eles criaram um vínculo emocional e forte influência, a ponto de cometerem crimes. O garoto chegou a dizer que “faria tudo que a menina pedisse”.

“Eles tratam, a todo momento, fazendo brincadeiras, ora trocam juras de amor, ora ela se diz orgulhosa por ele ter feito isso por ela. A gente nota bastante imaturidade e, com certeza, traços de psicopatia em ambos os jovens”, explicou o delegado Matheus Soares Augusto.

Segundo a polícia, a negativa dos pais do garoto em permitir uma viagem ao Mato Grosso, onde a menina mora, foi o estopim. Ela ameaçou terminar o relacionamento e deu um ultimato. A partir daí, os dois começaram a premeditar o assassinato dos pais e pretendiam matar outros familiares, citando a mãe da menina e a avó dele.

Todos os detalhes do crime — desde a arma usada para a execução, luvas para não deixar rastros de digitais, até a ocultação dos corpos — foram minuciosamente pensados, de acordo com as mensagens recolhidas nos dispositivos dos adolescentes. Laudo mostra que tiros acertaram a cabeça das vítimas.

Nem a vida do irmão de 3 anos foi poupada pelo autor do crime. Segundo ele, a decisão foi tomada na hora para que a criança não sofresse com a ausência dos pais. No entanto, ele também mencionou o irmão nas trocas de mensagens com a namorada. De início, a menina foi contra matar a criança, mas em certo momento os dois chegaram a cogitar usá-lo, colocando a arma em suas mãos.

Em um trecho das conversas com a namorada, o jovem se referiu aos pais como “seres nojentos”. O adolescente afirmou também que não nutria qualquer tipo de afeto pelos pais, e que matá-los seria uma questão de tempo.

A frieza com que ambos trataram os familiares chamou a atenção dos investigadores mais experientes.

“”O teor da conversa é o mais assustador possível. Eles tratam com tal tranquilidade e frieza a morte, tanto durante a execução, quanto depois, enquanto discutem o que o jovem deveria fazer com os corpos dos pais e do irmãozinho”, disse.

Tanto o delegado de Água Boa (MT), que coletou o depoimento da menina, quanto o delegado responsável pelas investigações em Itaperuna (RJ), destacaram a falta de empatia em relação aos próprios parentes.

Segundo o delegado, a menina pediu para que o namorado tirasse uma foto dos pais mortos. Ele já havia enviado um registro, mas apagou. Por isso, ela pediu que ele reenviasse a foto porque “ela queria ver a expressão dos pais deles mortos na cama”.

De acordo com a investigação, todo o crime foi comunicado em tempo real à menina. Por outro lado, ela, além de incitar a violência, também planejava matar a própria mãe juntamente com o namorado.

“A menor participou ativamente incentivando o adolescente a cometer os crimes. Após matar o pai, ele enviou um áudio para ela: ‘matei meu pai’, e ela respondeu: ‘atira nela agora’, se referindo à mãe dele”, contou o delegado Matheus Soares, da Delegacia de Água Boa.

O adolescente também chegou a pesquisar no celular como sacar o FGTS de uma pessoa morta após saber que o pai possuía uma quantidade de cerca de R$ 33 mil.

A garota foi ouvida na última quinta-feira (26), acompanhada da mãe, na presença de agentes especializados e do Conselho Tutelar. Ela foi apreendida pela polícia de Água Boa, sob suspeita de participação no crime, e será transferida para unidade socioeducativa em Cuiabá (MT).

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Em coletiva de imprensa sobre a finalização das investigações, o delegado responsável, Carlos Augusto Guimarães, fez um alerta aos pais de crianças e adolescentes.

“Uma atenção também deve ser dada ao distanciamento atual entre pais e filhos, que pode desencadear esse tipo de violência e culminar nessa tragédia que vivenciamos durante essa investigação. E também prestar bastante atenção no acesso inadequado a conteúdos violentos, seja por filme, vídeos, jogos”, ressaltou o delegado.