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Novo coronavírus foi descoberto em amostra de esgoto de Florianópolis em 2019, diz pesquisa

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Laboratório de Virologia Aplicada analisa amostras de diversos materiais. Foto: Daiane Mayer/ Agecom/UFSC

Um estudo divulgado nesta quinta-feira (2) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) afirma ter descoberto partículas do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em duas amostras do esgoto de Florianópolis, colhidas em 27 de novembro de 2019.

A pesquisa ainda não publicada por revista científica que tenha como critério uma revisão por pares (cientistas da mesma área).

Intitulado \”SARS-CoV-2 in human sewage in Santa Catarina, Brazil, November 2019\”, o novo estudo tem participação de pesquisadores da UFSC, da Universidade de Burgos, da Espanha, e da start-up Neoprospecta/BiomeHub, de Florianópolis.

Segundo a UFSC, uma versão preliminar do artigo foi enviada na sexta-feira (26) à plataforma MedRxiv, que reúne pesquisas ainda não divulgadas em revistas científicas, ou seja: que ainda não foram revisadas pelos comitês das publicações. 

Nesse processo, cientistas normalmente anônimos e especialistas na área abordada fazem avaliação e sugerem modificações ou mesmo a rejeição do estudo.

Conforme a UFSC, até o momento a amostra coletada no esgoto de Florianópolis é a mais antiga do novo coronavírus nas Américas. 

Embora a primeira descrição do Sars-CoV-2 seja de 31 de dezembro de 2019, pesquisas semelhantes constataram que ele estava presente no esgoto de Wuhan, na China, em outubro, e na Itália, no início de dezembro.

O vírus circulava antes mesmo de termos ciência sobre a sua rotina em pacientes ou em humanos, sejam assintomáticos ou sintomáticos. (…) Pode ser que em outros locais já havia antes de outubro, porque esse estudo especifica que havia a partir de 27 de novembro\” , disse a doutora em Biotecnologia Gislaine Fongaro, do Laboratório de Virologia Aplicada da UFSC, uma das pesquisadoras envolvidas no trabalho.

Gislaine ressalta que em pesquisas semelhantes feitas em esgoto na China e na Itália foi constatado que o Sars-CoV2 estava em circulação antes dos primeiros registros da doença, porque o vírus demora semanas para ser expelido por quem foi contaminado.

O esgoto já era testemunha de que o vírus estava por ali. E isso, falando na infecção viral, é um fato previsto, porque quando você está excretando o vírus, é porque ele já teve todo o trânsito no sistema respiratório, passou no sistema gastrointestinal e está sendo excretado. Então, são pessoas que já estão com 15, 20 dias de infecção\”, explicou.

Como foi feita a pesquisa

Foram analisadas amostras congeladas de esgoto bruto — que tinham sido coletadas para outros estudos dentro da universidade — do final de outubro do ano passado até o início de março de 2020, da rede pública da região central de Florianópolis. 

As amostras entre 30 de outubro e 6 de novembro não tinham o Sars-CoV-2.

Na de 27 de novembro, a carga era de 100 mil cópias de genoma do vírus por litro, considerada baixa pelos pesquisadores. 

As quantidades subiram em 11 de dezembro e 20 de fevereiro e, em 4 de março, foi constatado um milhão de cópias de genoma de Sars-CoV-2 por litro de esgoto.

Para se chegar aos resultados de que eram mesmo partículas do novo coronavírus, foram feitos testes com base em quatro marcadores para o genoma do vírus. Para cada amostra foram realizadas, pelo menos, oito testagens.

Para Gislaine, a pesquisa pode ser uma ferramenta epidemiológica para que se fossa fazer a rastreabilidade e entender a evolução do vírus.

A ideia é saber se a cepa identificada no estudo é a mesma que circula neste momento em Santa Catarina.

Até o momento a amostra coletada no esgoto de Florianópolis é a mais antiga do novo coronavírus nas Américas. 

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