Retorno da atividade escolar, que vem sendo anunciado de forma gradativa por vários estados e municípios, coloca os estudantes em potenciais situações de contágio. |
Pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) analisaram dados sobre dois grupos populacionais que se encontram nos chamados grupos de risco da Covid-19: os adultos com idade entre 18 e 59 anos que têm diabetes, doença do coração ou doença do pulmão, e os idosos (com 60 ou mais anos).
O resultado do estudo trouxe números preocupantes. Quase 3,9 milhões (1,8% da população do país) de adultos com idade entre 18 e 59 anos que têm diabetes, doença do coração ou doença do pulmão residem em domicílio com pelo menos um menor em idade escolar (entre 3 e 17 anos).
De acordo com o estudo, o retorno da atividade escolar, que vem sendo anunciado de forma gradativa por vários estados e municípios, coloca os estudantes em potenciais situações de contágio.
Mesmo que escolas, colégios e universidades adotem as medidas de segurança (e elas sejam cumpridas à risca), o transporte público e a falta de controle sobre o comportamento de adolescentes e crianças que andam sozinhos fora de casa representam potenciais situações de contaminação por Covid-19 para esses estudantes.
Epidemiologista do Icict/Fiocruz, Diego Xavier, que participou do estudo, destaca que, até agora, a maioria desses milhões de brasileiros em grupos de risco e que têm algum estudante dentro de casa vinha se mantendo em isolamento social.
“Mas a volta às aulas pode representar uma perigosa brecha nesse isolamento. Nós estimamos, no estudo, que se apenas 10% dessa população de adultos com fatores de risco e idosos que vivem com crianças em idade escolar vierem a precisar de cuidados intensivos, isso representará cerca de 900 mil pessoas na fila das UTIs. Além disso, se aplicarmos a taxa de letalidade brasileira nesse cenário, estaremos falando de algo como 35 mil novos óbitos, somente entre esses grupos de risco”, analisa Xavier.
Os dados sobre a população de risco podem ser consultados no sistema MonitoraCovid-19, desenvolvido pela equipe do Icict/Fiocruz e disponível aqui.