Pesquisa mostra que, em cinco anos, aumentou em cerca de 3 milhões a quantidade de pessoas sem acesso regular à alimentação básica. Foto: Arquivo/Agência Brasil |
IBGE — A insegurança alimentar grave, em que as pessoas relataram chegar a passar fome, atingiu 4,6% dos domicílios brasileiros, o equivalente a 3,1 milhões de lares, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares divulgada na última quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A insegurança grave aparece quando os moradores passaram por privação severa no consumo de alimentos, chegando à fome.
O levantamento foi feito entre junho de 2017 e julho de 2018 e apontou piora na alimentação das famílias brasileiras. Entram na conta somente os moradores em domicílios permanentes, ou seja, estão excluídas do levantamento as pessoas em situação de rua, o que poderia aumentar ainda mais o rastro da fome pelo país.
Esse percentual significa que 10,3 milhões de pessoas residem em domicílios nessa situação, sendo 7,7 milhões moradores na área urbana e 2,6 milhões na rural.
O IBGE classifica a insegurança alimentar em três níveis – leve, moderada e grave – da seguinte maneira:
- Insegurança alimentar leve: há preocupação ou incerteza quanto acesso aos alimentos no futuro, além de queda na qualidade adequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentação consumida.
- Insegurança alimentar moderada: há redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação.
- Insegurança alimentar grave: há redução quantitativa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores do domicílio. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no lar.
Além do aumento da população que passa fome no país, a pesquisa mostrou também que:
- O Brasil atingiu o menor patamar de pessoas com alimentação plena e regular
- A fome é mais prevalente nas áreas rurais
- Quase metade dos famintos vive na Região Nordeste do país
- Metade das crianças com até 5 anos vive tem restrição no acesso à alimentação de qualidade
- Mais da metade dos domicílios onde há fome são chefiados por mulheres
- Quanto maior o número de moradores no domicílio, menor é o acesso à alimentação plena
Embora o maior número das pessoas em situação de miséria alimentar viva em áreas urbanas, é nas áreas rurais que a fome é mais prevalente.
De acordo com o IBGE, dos cerca de 10,3 milhões de famintos no país, 7,7 milhões viviam em perímetro urbano, enquanto 2,6 milhões, em regiões rurais. Todavia, proporcionalmente, estes números representavam, respectivamente, 23,3% do total da população que vivia em área urbana e 40,1% da população rural.
Contudo, há dados que não é necessário pesquisa para mostrar: os miseráveis brasileiros, quando conseguem comprar arroz, feijão e farinha pagam, proporcionalmente, muito mais imposto que os super-ricos em seus luxos.