Publicado nesta sexta-feira (23), o Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19 referente ao período de 4 a 17 de abril, apresenta um painel geral do cenário da Covid-19 no país e suas implicações.
O estudo, com base em comparações entre as semanas epidemiológicas, constata o processo de rejuvenescimento da pandemia. Os números de casos e óbitos de Covid-19 por faixa etária mostram que o aumento diferencial por idades se manteve.
A análise aponta que a faixa etária dos mais jovens, de 20 a 29 anos, foi a que registrou maior aumento no número de mortes por Covid: 1.081,82%.
Nas idades de 40 a 49 anos (1.173,75%) houve o maior crescimento do número de casos confirmados.
O Boletim também traz análises e dados sobre rejuvenescimento da pandemia no Brasil, leitos para Covid-19, Síndromes Respiratórias Graves, níveis de atividade e incidência, perfil demográfico, vacinação, renda, trabalho e impactos sociais, entre outros. A partir desses indicadores, aponta caminhos para o enfrentamento da pandemia.
O acometimento de casos graves, em populações mais jovens, mantém a pressão sobre serviços hospitalares, já sobrecarregados pela demanda de internação das semanas anteriores.
Os recursos hospitalares, de insumos e de profissionais de saúde, se encontram em nível crítico, o que pode causar um aumento da desassistência de saúde, comprometendo, inclusive, o atendimento de outras doenças e agravos.
As medidas de restrição de atividades, decretadas por vários municípios e estados no final do mês de março começam a ser flexibilizadas a despeito dos indicadores não apresentarem ainda
a redução esperada, o que pode promover a transmissão mais intensa da doença, ao mesmo tempo em que podem ser entendidas erroneamente como o controle da pandemia.
Mais uma vez, essas medidas restritivas estão sendo aplicadas sem um padrão nos níveis nacional e estadual, de forma localizada, sem considerar as redes de transporte e mobilidade de pessoas entre municípios e dentro das regiões metropolitanas.
A decretação de fechamento de bares e restaurantes em um município pode promover o fluxo de clientes para cidades vizinhas, incentivando, ao invés de limitar, a mobilidade e proximidade de pessoas.
Além disso, municípios que não adotam medidas de restrição geram uma maior quantidade de doentes graves, que vão ser atendidos ou internados em outras cidades.