O Ministério da Saúde emitiu um alerta aos três estados da região Sul – Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul – avisando para o risco da chegada da variante B.1617, identificada inicialmente na Índia.
O alerta ocorreu após a identificação de pacientes com Covid-19, causada pela mutação, na Argentina. Os três estados fazem fronteira com o país vizinho.
A mutação é uma das grandes preocupações da saúde mundial, porque pode estar por trás da explosão de casos e óbitos por Covid-19 na Índia.
Nesta quinta (20), seis pessoas que chegaram ao Maranhão, a bordo do navio MV Shandong da Zhi, foram confirmadas com a nova variante. São os primeiros casos registrados no Brasil e trazem preocupação.
A embarcação foi proibida de atracar na área portuária e está ancorada na costa da cidade de São Luís, capital do Maranhão. Uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está se deslocando para o local.
Pesquisadores do Estado, em parceria com a Secretaria da Saúde fazem um trabalho de vigilância genômica em Santa Catarina, com o objetivo de identificar e alertar para o aparecimento de novas variantes. Até agora, nenhum caso da variante indiana foi identificado.
ELA É MAIS PERIGOSA?
“Essas mutações virais estão surgindo em cidades em que há o relaxamento das medidas de proteção e onde se acreditava que a população já estava imunizada, seja pela infecção natural ou pela vacinação”, diz o virologista Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul.
Em linhas gerais, tudo indica que esses “aprimoramentos” genéticos melhoram a capacidade de transmissão do vírus e permitem que ele consiga invadir nosso organismo com mais facilidade.
Antes, com as versões anteriores, era necessário ter contato com uma quantidade considerável de vírus para ficar doente. Agora, com as novas variantes, essa carga viral necessária para desenvolver a covid-19 é um pouco mais baixa, o que certamente representa um perigo.
“É como se o vírus criasse caminhos para escapar do sistema imune e desenvolvesse maneiras de transmissão mais eficazes”, completa Spilki.
Por enquanto, ainda há muitas perguntas sem respostas sobre a variante indiana e seu impacto no controle da pandemia.
Até o momento, os cientistas não conseguiram estabelecer a sua real velocidade de transmissão e o quanto as mudanças genéticas contidas nessa linhagem interferem na eficácia das vacinas já disponíveis.