O Boletim Covid-19 Fiocruz, divulgado na quinta-feira (17), aponta que o quadro da pandemia no Brasil, que se aproxima de meio milhão de mortes, permanece bastante crítico.
Entre as semanas epidemiológicas 22 e 23, que corresponde ao período de 30 de maio a 12 de junho, houve um pequeno crescimento das taxas de incidência (casos novos) e de mortalidade no Brasil, com a manutenção de um platô elevado de transmissão da Covid-19.
As maiores taxas de incidência de Covid-19 foram observadas em Roraima, Tocantins, Paraíba, Sergipe, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Há um alerta para as regiões Sul e Centro-Oeste para as próximas semanas, o que pode ser agravado com a chegada do inverno, que é acompanhado pela maior incidência de outras doenças respiratórias nessas regiões.
Os estados com aumento de incidência podem, portanto, apresentar alta da mortalidade e demanda por cuidados intensivos de doentes graves nas próximas semanas.
As taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que o quadro geral ainda é muito preocupante.
Dezoito estados e o Distrito Federal apresentam taxas de ocupação de pelo menos 80%, sendo que em oito deles as taxas de ocupação são iguais ou superiores a 90%.
Pernambuco, Sergipe, Paraná e Santa Catarina chamam a atenção pela persistência, há muitas semanas, de taxas superiores
a 90%
O boletim também apontou pela primeira vez que a idade média de casos e internações no Brasil esteve abaixo dos 60 anos. Ou seja, entre os dias 30 de maio e 5 de junho, mais da metade dos casos internados e óbitos que ocorrem no Brasil não são idosos, mas sim adultos (20 a 59 anos), o que indica um rejuvenescimento da pandemia. A média é de 52,5 anos nos internados e 59 anos nos óbitos.
“Possivelmente o cenário atual de rejuvenescimento prosseguirá e poderá perpetuar um cenário obscuro de óbitos altos até que este grupo etário esteja devidamente coberto pela vacina. O padrão de transmissão do Sars-CoV-2 no país ainda é extremamente crítico”, afirmam os pesquisadores.
Segundo eles, é essencial continuar reforçando a necessidade do uso de máscaras e manter distanciamento físico e social, sempre que possível. “Somente desta forma haverá como conter a disseminação do vírus, enquanto o país não consegue avançar na cobertura vacinal adequada nas faixas etárias mais jovens”.