Pessoas ouvidas pelo Ministério Público (MP) apontaram que em torno de 60% das hamburguerias de Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul, compraram carne de um local suspeito de abater cavalos clandestinamente.
Uma operação do órgão prendeu seis pessoas por envolvimento no esquema durante a manhã desta quinta-feira (18).
Ao todo, 17 restaurantes já foram identificados pelo MP. O promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho diz que, mesmo sem saber que compravam carne de cavalo, os estabelecimentos sabiam que o produto era irregular.
Na chácara alvo da operação, foram encontradas carcaças de cavalos armazenadas de forma imprópria e a carne não tinha procedência.
A investigação aponta que os animais eram adquiridos por preços que variavam de R$ 100 até R$ 200 de pessoas que iriam até o local para vender. Não é descartada a suspeita de que parte dos bichos tenha sido furtada de propriedades rurais.
Os proprietários das hamburguerias podem ser responsabilizados por crime contra as relações de consumo, pois adquiriam produto impróprio para consumo e serviam em seus restaurantes.
“Eles podiam não saber o que tinha ali, mas sabiam que estavam fazendo uma compra irregular porque é proibido comprar produtos de origem animal sem passar por inspeção dos órgãos responsáveis”, explica.
De acordo com o coordenador do coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os restaurantes e hamburguerias “compravam o produto por um preço mais baixo e obtinham vantagem, então, deveriam, pelo menos, desconfiar”.
“Eles compravam produtos sem selo de inspeção. A carne apreendida estava embalada em sacos plásticos, tudo de forma improvisada e sem nota fiscal. Podiam não saber que a carne era de cavalo, mas não tem como dizer que eles não sabiam que era irregular”.
O Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho divulgou que houve uma reunião na manhã desta quinta entre gestores de projetos de pecuária de corte devido ao dano causado à gastronomia da cidade.
“Agora, é saber se os estabelecimentos sabiam da fraude ou se foram enganados. Fato é que os estabelecimentos sem envolvimento no esquema sofrem prejuízo”, diz o presidente do sindicato, Vicente Perini.