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Mãe e padrasto de menina morta em Timbó tem data de julgamento marcada

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O crime chamou atenção na época pela crueldade. O Ministério Público classificou o laudo cadavérico da criança como estarrecedor.

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Luna Gonçalves, de apenas 11 anos, foi brutalmente assassinada em abril de 2022, na casa onde morava com a família em Timbó, no Vale do Itajái. A mãe e o padrasto da criança são acusados pelo crime. Segundo o Ministério Público, o laudo cadavérico da vítima é estarrecedor. Luna foi espancada várias vezes antes de morrer e também sofreu violência sexual com o uso de um objeto.

Com 27 anos de carreira, o promotor de Justiça Alexandre Daura Serratine se mostra perplexo com a crueldade empregada contra a pequena dentro da casa onde vivia. “Poucas vezes eu fiquei tão chocado como ao ver o resultado desse exame cadavérico. A violência sexual foi produzida não pela conjunção carnal, mas com algum instrumento, porque as partes íntimas estavam dilaceradas. Algo foi introduzido. É chocante” revelou Serratine. 

A mãe e o padrasto da menina estão presos e respondem pelos crimes de estupro de vulnerável, homicídio qualificado, tortura, cárcere privado e fraude processual. A mãe da vítima ainda responde por autoacusação falsa. 

Casa onde a menina vivia e foi brutalmente violentada
Casa onde a menina vivia e foi brutalmente violentada — Foto: Patrick Rodrigues / Santa

Para as autoridades não se tratou de apenas um episódio de agressão contra Luna. O Ministério Público diz que por um período a menina apanhou diariamente, repetidas vezes, com socos, tapas, golpes com chinelos e até surras com pedaços de mangueiras de jardim. Segundo a promotoria, a violência física era acompanhada de graves ameaças, para aterrorizar psicologicamente a criança.

“Não foi um dia que a Luna foi torturada, foram vários. Ela tinha muitas marcas no corpo, algumas de lesões mais antigas. Infelizmente a menina sofreu demais antes de morrer”, conta o promotor. 

Ainda conforme as investigações, após o homicídio, o casal apagou a memória dos celulares pessoais e iniciaram a limpeza e reorganização da cena do crime para impedir que a verdade fosse revelada. Quandto o assassinato foi revelado, a “mãe ainda se acusou falsamente, assumindo toda a responsabilidade pela morte da filha, para proteger o companheiro”, frisa o Ministério Público.

O dia do crime

A polícia concluiu que o padrasto foi até a escola da menina por volta das 15h30min do dia 13 de abril, para tentar transferi-la e não conseguiu. Ele voltou para casa frustrado e começou a agredir a menina com socos, chutes e cotoveladas. A polícia também encontro na residência um objeto semelhante a um relho, que é um chicote usado para domar cavalo, e que pode ter sido utilizado para espancar a menina até a morte.

As agressões aconteceram até ela ficar desacordada. Professor de artes marciais, ele saiu para dar aula e quando voltou continuou as agressões, que resultaram na morte da criança.

Por volta da meia-noite, o casal chamou o socorro afirmando que ela havia caído de uma escada, mas Luna já estava sem vida. A médica que atendeu a vítima no hospital acredita que ela morreu quase quatro horas antes de chegar à unidade de saúde.

O júri popular da mãe e padrasto foi marcado para 16 de novembro, informou o Poder Judiciário. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou que o júri vai ocorrer na Câmara de Vereadores de Timbó. Porém, caso fiquem prontas as obras do fórum da cidade, o julgamento ocorre no dia seguinte neste novo local.