Doação de Lula à agência acusada de apoiar grupo terrorista gera críticas no Brasil

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André Lajst, cientista político, diz que que as declarações de Lula colocam o Brasil na contramão de países democráticos. “Lula não entende, aparentemente, como funcionam as relações internacionais”.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou na última quinta-feira (15), que o Brasil fará doações para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) mesmo após grandes potências anunciarem o corte de recursos. A entidade é suspeita de colaboração com o Hamas nos ataques a Israel.

O financiamento do governo brasileiro à organização ocorre no momento em que outros países decidiram cortar verbas destinadas às atividades da UNRWA depois que a agência foi acusada por Israel de colaborar com o grupo terrorista Hamas. Em janeiro, mais de 10 países, como os Estados Unidos e a França, interromperam o envio de dinheiro à UNRWA. O anúncio do presidente Lula provocou reações entre parlamentares e especialistas:

Senador Carlos Viana (Podemos-MG):

    “O presidente tem áreas muito mais importantes para investir esse dinheiro no Brasil. Ele está prometendo recursos do contribuinte brasileiro para terroristas que usam essas doações para a construção de túneis, sequestro e estupro de pessoas, como o que aconteceu no dia 7 de outubro. Ao nosso ver, Lula está muito mal orientado e alinhando o Brasil a países pequenos na diplomacia.”

    • Deputado Sóstenes Cavalcante (PL-AL):

    “Esta decisão vergonhosa do atual governo [do Brasil] afronta a nação soberana do Estado de Israel, o único país daquela região consagrada que é um país democrático. É uma vergonha esse tipo de ajuda a um território ocupado e comandado por um grupo terrorista […] ,afirmou.

    • Senador Ciro Nogueira (PP-PI):

    “O que esse governo está fazendo é instituindo a ‘bolsa terrorista’. Não cansam de envergonhar a nossa diplomacia no momento em que todos os países decentes do mundo estão indo pelo caminho inverso, cortando o financiamento para essa agência. O presidente Lula vai na contramão do mundo civilizado.”

    • Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita do Brasil:

    “O presidente vai aumentar o pagamento a uma agência da ONU acusada de apoiar um grupo terrorista, quanto os países ocidentais e democráticos param de pagar. O Brasil vai na contramão, com ditaduras. O comportamento da diplomacia brasileira é lamentável na questão desse conflito.”

    • André Lajst, cientista político e presidente-executivo da Stand With Us Brasil:

    “Lula insiste no erro, insiste em falar coisas que não são verdades e fazer com que o Brasil tome posições diplomáticas na contramão da maior parte das democracias do mundo.”

    Lajst argumenta que as declarações de Lula colocam o Brasil na contramão de países democráticos. “Lula não entende, aparentemente, como funcionam as relações internacionais e direitos de defesa. Se ele acha que [a reação de Israel aos ataques do Hamas] é desproporcional, o que seria proporcional?”, questionou.

    “Talvez ele esteja somente jogando frases ao léu para ser aplaudido por um público que gosta do que ele está falando, mas que não significam nada, no fundo”, criticou.

    Ontem (16), o partido Novo apresentou uma notícia-crime na PGR (Procuradoria Geral da República) contra o presidente Lula por possíveis doações do governo para a UNRWA.

    A legenda critica Lula por afirmar que o governo fará um aporte de recursos para a UNRWA. “Ao agir dessa forma, o excelentíssimo presidente da República, salvo melhor juízo, incorreu na prática de crime de terrorismo por oferecer, solicitar e investir para a obtenção de recurso financeiro com a finalidade de financiar a entidade que teve como atividade secundária, mesmo em caráter eventual, a condição de partícipe na prática dos crimes de terrorismo praticados pelo grupo terrorista Hamas”, lê-se na ação.

    O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, afirma que Lula decidiu cruzar uma linha muito perigosa ao aumentar as doações para a UNRWA depois de tudo o que foi revelado sobre as suas ligações com o Hamas. “Desde o início do conflito, Lula nunca escondeu sua preferência pelos terroristas, o que, por si só, já é moralmente reprovável”.