Uma mãe relata bullying e ameaças contra o filho de 12 anos, que é autista e tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O garoto enfrenta problemas com colegas na escola em que estuda, em Florianópolis, e a mãe chegou a encontrar ameaças de morte contra ele em um grupo de aplicativo de mensagens.
Há quase um mês o menino não vai à aula por causa do bullying e ameaças. A mãe conta que, nos quatro primeiros anos, ele estudava em outra escola. Ele mudou de unidade escolar em 2023, após conseguir uma vaga no local. O menino está na sexta série.
“Ele tinha uma professora maravilhosa. Então não foi preciso professor auxiliar porque ela estava em tudo. E ela dizia ‘na minha aula não tem bullying’. Ela é uma professora maravilhosa”, diz a mãe.
“A professora me disse ‘olha, para o ano que vem eu acho que ele vai precisar de um professor auxiliar porque vão ser muitas matérias, vai ser aquele entra e sai”, completa.
Não foi o que ocorreu. A mãe relata que o bullying ocorre e que o filho tem dificuldades com a situação. O menino se sai bem academicamente, mas enfrenta desafios na socialização.
Uma das situações ocorreu em um grupo de aplicativo por mensagens. Segundo a mãe, participam vários colegas e não há supervisão de adultos.
“Ele [filho] fez um monte de publicações, que ele gosta, no grupo e o cara diz assim para ele ‘por que tu não te matas?’. Mandou ele se matar”.
Outras publicações nesse mesmo grupo trazem ameaças ao menino. Em uma delas, um colega dele diz “Se alguém sabe onde o [aluno] mora, dá para ameaçar”. Em outra, o mesmo colega vai além: “Bora matar o [aluno]? Traz coisas leves. Um pedaço de pau grande talvez”.
O filho também já foi agredido fisicamente por esse mesmo colega, diz a mãe. A situação começou após esse aluno debochar do menino em uma aula de educação física. “Ele tem dificuldade de motricidade grossa. E ele não gosta que debochem dele, porque ele não entende”, conta a mãe.
Quando foi buscá-lo, a mãe foi avisada por duas colegas da sala que o filho dela era, então, agredido.
“Eu estava no carro esperando e aí saíram duas coleguinhas correndo e me dizem ‘a senhora é a mãe do [nome do menino]’. Eu digo que sim. ‘Tem um menino batendo nele’. Eu saí correndo. Quando eu chego, eles estavam os dois na secretaria”.
Depois desse caso, a mãe fez um boletim de ocorrência. Foram dois no total. O outro relata as ameaças no aplicativo de mensagens.
A Polícia Civil informou que vai instaurar um procedimento para apurar suspeita de ato infracional por parte de um aluno adolescente que teria agredido o menino. A investigação será feita pela Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso da Capital (DPCami).
A mãe pede que o filho tenha um professor auxiliar e entrou com pedido na Defensoria Pública. Segundo ela, o órgão respondeu que solicitou o profissional à prefeitura.
A administração municipal, por sua vez, disse em nota que o estudante possui um ótimo desenvolvimento cognitivo e que ele não precisa, até o momento, de Professor Auxiliar de Educação Especial.




















