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Justiça feita: Autor de feminicídio em Canoinhas é condenado a 21 anos de prisão

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O réu esfaqueou a companheira até a morte. Após o crime, ele tentou se livrar dos vestígios, simulando um possível suicídio, para induzir a erro o juízo ou o perito.

Em Canoinhas, mais um crime contra mulher não ficou impune. Um homem denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) foi condenado a 21 anos, quatro meses e 15 dias de reclusão e a mais seis meses de detenção por homicídio com duas qualificadoras – meio cruel e feminicídio.

Ele também foi condenado por fraude processual, que é quando se altera o local do crime de forma intencional com o objetivo de induzir a erro o juiz ou o perito. O réu foi condenado, ainda, a pagar uma indenização de R$ 100 mil aos herdeiros da vítima. A sessão do Tribunal do Júri, que durou 10 horas, aconteceu na quinta-feira (18). 

O crime aconteceu na noite de 3 de setembro de 2023, na Rua Paulo Wiese, no bairro Campo da Água Verde. O acusado, Bruno César Barbosa, tirou a vida da companheira, Daiane Vogt, de 43 anos, com sete facadas. Segundo as investigações das autoridades policiais, o réu matou a vítima por ciúmes.  

Bruno César Barbosa foi condenado a 21 anos pela morte de Daiane Vogt / Reprodução

Após o homicídio, Barbosa tentou se livrar dos vestígios do crime, limpando o sangue de locais da residência e colocando as roupas na máquina de lavar, entre outros atos.

Ele ainda colocou uma faca nas mãos de Daiane para induzir que ela teria cometido suicídio.

A Promotora de Justiça Ana Maria Horn Vieira Carvalho, que representou o Ministério Público no júri, sustentou que “o crime foi praticado por meio cruel, pois o acusado esfaqueou a vítima por todo o seu corpo, ocasionando excessivo e desnecessário sofrimento a ela“. Além disso, constatou-se que a então companheira do réu possuía outras lesões corporais.

A Promotora destacou que “a prática delitiva se deu em contexto do feminicídio, envolvendo violência doméstica e familiar, uma vez que o acusado e a vítima mantinham relacionamento amoroso e, inclusive, moravam juntos”. Disse, ainda, que “o réu, visando livrar-se da responsabilização penal e forjar um suposto suicídio, após matar a vítima, ligou para o Corpo de Bombeiros e informou que encontrou a companheira esfaqueada. De igual modo, durante a manhã seguinte ao crime, enviou mensagens para amigos e familiares da vítima informando que ela estaria com comportamento suicida”. 

 Quando o corpo de Daiane foi encontrado já estava em fase de rigidez cadavérica (isso significa que já haviam se passado pelo menos 6 horas da morte).

Cabe recurso da decisão, mas o réu não terá o direito de recorrer em liberdade, pois permaneceu preso durante toda a instrução processual. 

Dissimulado

Na manhã daquela segunda-feira (4), a Polícia Militar foi acionada em apoio ao Corpo de Bombeiros para uma ocorrência que em tese seria de suicídio. Bruno César Barbosa relatou à polícia que morava com Daiane há cerca de um ano, e que no dia anterior, no período da tarde, foram até uma chácara de amigos e retornaram para a residência por volta das 18h.

Disse que saiu em seguida, indo até a casa de seu pai, e que Daiane ficou em casa vendo TV. Ao retornar, ficaram conversando até por volta das 22h15 e então ficou dormindo no sofá, enquanto a mulher teria ido para o quarto e se trancado lá.

Já a mãe de Daiane relatou aos policiais que estava em casa, e que pela manhã, por volta das 10h, recebeu a ligação do namorado da filha, o qual dizia que estava preocupado com ela, pois estava trancada no quarto desde a noite anterior e não respondia ligações nem mensagens.

A guarnição averiguou o local onde estava o corpo da vítima e pôde constatar alguns indícios que causavam estranheza diante do ocorrido e das circunstâncias.

A vítima estava no chão, com o tronco voltado para cima, seminua, trajava apenas uma calça, sem vestes superiores. Não havia grande quantidade de sangue ao redor do corpo, mas sim, uma quantidade concentrada debaixo das costas e atrás da cabeça.

Havia uma faca com marcas de sangue na mão direita da vítima e indícios de que teria sido colocada na sua mão. No banheiro foi encontrada uma tesoura com marcas de sangue e alguns respingos no chão do local.

Foi indagado várias vezes ao homem sobre as circunstâncias do ocorrido, sendo repetido por ele que teria dormido no sofá e encontrou o corpo somente pela manhã.

Ligação suspeita

Na noite de domingo (3), o Corpo de Bombeiros recebeu uma ligação, a qual teria sido feita pelo namorado de Daiane, relatando ocorrência de ‘feminina ferida por arma branca’, mas em seguida o homem teria retornado a ligação, cancelando o atendimento, pois conduziria a vítima por meios próprios.

Segundo a Polícia Militar, todas as informações levantadas, quando confrontadas com a versão de Bruno, foram negadas por ele.

Contudo, em vista dos fatos e informações apuradas, tanto pela Polícia Civil como Militar, foi constatado que se tratava de um crime de feminicídio.

Daiane Vogt era farmacêutica na Zaka Farma em Canoinhas, que na ocasião emitiu nota de pesar pela morte da colaboradora:

Só o tempo é capaz de amenizar a dor de perder alguém que amamos. A saudade e as lembranças são eternas, permanecem vivas, florescem e, como o amor, jamais morrem. Nesse momento de dor e pesar, deixamos aqui nossa singela homenagem.

Descanse em Paz Daiane. A violência não é somente física,mas principalmente psicológica. A luta contra o feminicídio é de todos nós!”.

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