O Tribunal do Júri de Joinville vai tratar nesta terça-feira (3), de um homicídio que ocorreu no final da tarde de 20 de setembro de 2023, no bairro Jardim Sofia. De acordo com a denúncia, a vítima teria sido assassinada por um vizinho, com golpes de facão, porque tossia e espirrava muito alto.
Ainda vivo, o homem foi arrastado pelas pernas até os fundos do terreno do acusado, que iniciava a escavação de uma cova com uma enxada quando a polícia militar chegou e o prendeu em flagrante.
De acordo com os autos, próximo das 18 horas daquele dia, o réu, Bruno dos Santos, desferiu inúmeros golpes de facão na vítima, Márcio Santos de Jesus.
Conforme laudo pericial de exame de cadavérico, a vítima foi atingida pelos golpes em todo o corpo, inclusive na cabeça, que atravessaram completamente os tecidos moles, gerando exposição de massa encefálica, e outros bem profundos nos membros, que chegaram a causar exposição de tendões, ligamentos e inclusive com corte de estruturas ósseas, gerando desarticulação.
“O delito foi praticado mediante meio cruel, uma vez que o número de facadas e lesões causaram intenso e desnecessário sofrimento à vítima, que permaneceu viva e sangrando por algum tempo, inclusive ao ser arrastada pelas pernas pelo denunciado”, pontuou o Ministério Público.
Vizinhos que presenciaram o crime acionaram a PM. Um dos policiais que atendeu a ocorrência relatou que, naquela noite, populares disseram que Bruno estava esfaqueando a vítima em via pública, na frente de várias pessoas, e começou a arrastar o corpo para os fundos de uma residência, para enterrá-lo, e que havia muito sangue no chão.
Ao chegar, os policiais verbalizaram para que Bruno saísse com as mãos na cabeça e ele não reagiu à prisão. Saiu calmamente com as mão na cabeça e se deitou no chão, sem se exaltar. Márcio já estava sem vida.
Perguntado a Bruno o motivo do crime, ele disse que há um tempo tinham desentendimento e naquele dia ficou nervoso e matou Márcio. Explicou ainda aos policiais que levaria o corpo para os fundos, já estava cavando a vala, e voltaria para a residência, onde tomaria um banho e descansaria.
Bruno falou que tinha uma desavença com o vizinho Márcio, que tossia muito alto, espirrava muito alto, falava alto, e provocava com palavras e gestos.
Segundo o depoimento prestado pelo acusado durante interrogatório, no dia dos fatos estava na área do prédio destinada ao lixo reciclável e iniciaram discussão, tendo a vítima o provocado com gestos. Então Márcio foi levar lixo para a frente e Bruno o aguardou para tirar satisfações.
Ao retornar, a vítima teria dito “eu não to gostando disso, por que tu tá me tirando?” e dado um passo na direção do acusado. Nisso começou o atrito, tendo como consequência o homicídio. Ao final, indagado pela Autoridade Policial, Bruno respondeu ainda que não se arrependia.
A defesa do acusado solicitou um atestado de sanidade mental, cujo laudo concluiu que, à época dos fatos, Bruno apresentava plena capacidade. “Assim, pode-se inferir que, estando em pleno uso de suas faculdades mentais, Bruno decidiu, em razão de um mero desentendimento com o vizinho, tirar-lhe a vida de forma bárbara”, anotou o Juiz.