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Saúde investiga morte de bebê por Metapneumovírus no Paraná

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Exames realizados pela família em laboratório particular confirmaram a presença do vírus. A Secretaria de Saúde do Paraná aguarda análise pelo Laboratório Central do estado.

Nataly Vitória Pereira Geremia, de apenas 1 ano e 8 meses, morreu no dia 13 de dezembro de 2024, em um hospital de Francisco Beltrão, no Paraná, sob suspeita de infecção por Metapneumovírus. O caso, porém, só foi divulgado na quarta-feira (8).

O Metapneumovírus é um vírus respiratório relativamente comum, mas que pode causar complicações graves, especialmente em crianças, e tem sido observado aumento de casos na China.

Nesta quinta-feira (9), o Ministério da Saúde informou que acompanha “atentamente” o surto de metapneumovírus humano (HMPV) registrado ao longo das últimas semanas na China.

Segundo a mãe, Janaina Pereira Chagas, os primeiros sintomas surgiram no dia 7 de dezembro, com febre e tosse seca. Nataly foi levada ao Centro de Saúde de Renascença, município em que residem, onde foi atendida.

O médico plantonista examinou a menina e disse que ela estava bem, receitando somente um xarope e outro medicamento. No entanto, mesmo seguindo as orientações médicas, a criança não apresentou melhoras significativas.

Dias depois, ao apresentar sonolência e dificuldades respiratórias, foi encaminhada a Francisco Beltrão, onde exame de raio-X comprovou um quadro de bronquiolite. A mãe de Nataly conta que ela foi medicada, mas a menina precisou ser intubada e levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Internada no Hospital Regional no dia 10 de dezembro, a condição da bebê se agravou, exigindo intubação e cuidados intensivos. Apesar dos esforços médicos, ela faleceu três dias depois.

A mãe informou que exames realizados em laboratório particular confirmaram a presença do Metapneumovírus.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, as causas da morte da criança no Hospital Regional de Francisco Beltrão estão sendo apuradas. Há suspeita de relação com o Metapneumovírus Humano (HMPV) e uma análise do Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen) vai confirmar ou descartar a presença do vírus.

Metapneumovírus: conheça o responsável pela alta de casos na China

Segundo boletim divulgado pela FIOCRUZ, nesta quinta-feira (9), o vírus é relativamente comum, e em geral causa sintomas leves, como tosse, febre e congestão nasal. Contudo, tem sido foco de noticiários nacionais e internacionais e postagens alarmistas na internet.

De nome um pouco difícil, o metapneumovírus humano (HMPV) não é novo. Foi identificado em 2001, na Holanda.

Com a chegada do inverno no hemisfério Norte, tem sido observado aumento de casos na China, principalmente entre crianças. Com isso, as autoridades de saúde locais promoveram campanhas de conscientização sobre medidas de saúde e higiene para evitar novas infecções. 

Em meio a este cenário, começaram a circular nas redes sociais relatos de que hospitais estariam lotados e uma nova pandemia semelhante à da Covid-19 poderia acontecer. 

“Após a Covid-19, o mundo se vê preocupado com a possibilidade de propagação de novos vírus. No entanto, a situação com o metapneumovírus é completamente diferente. Ele é um velho conhecido dos cientistas. Já o SARS-CoV-2, que causou a pandemia, era uma nova cepa de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos”, explica a pesquisadora Marilda Siqueira, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). 

Em comunicado oficial divulgado na terça-feira (7), a Organização Mundial da Saúde (OMS) ressaltou que os aumentos observados em infecções respiratórias agudas em muitos países do hemisfério Norte são esperados no inverno e não são incomuns. 

Assim como o vírus da gripe, a transmissão do HMPV ocorre a partir da liberação de secreções de uma pessoa infectada para outra sadia, seja ao tossir ou espirrar, ou pelo contato pessoal próximo, como apertos de mão ou toques. Também pode ser transmitido a partir do contato com objetos ou superfícies contaminadas. 

A OMS recomenda medidas simples para controlar a transmissão do metapneumovírus, similar às utilizadas contra a Covid-19: 

  • Usar máscara de proteção facial
  • Manter os ambientes bem ventilados 
  • Cobrir a boca e nariz ao tossir ou espirrar 
  • Higienizar as mãos frequentemente 
  • Evitar tocar nos olhos, nariz ou boca 
  • Orientar pessoas com sintomas ou com diagnóstico positivo a permanecer em casa, evitando propagar o vírus 

“O HMPV é frequentemente detectado no Brasil. Estudos mostram que ele tem causado mais infecções em pacientes jovens, é muito transmissível em aglomerações e sua ocorrência ocorre em ciclos, a depender da susceptibilidade da população. Até o momento, os dados indicam que ele é um vírus estável, com baixa probabilidade de mutação e de gerar pandemia”, diz a especialista. 

Características gerais 

  • O metapneumovírus humano (HMPV) é da mesma família do vírus sincicial respiratório (RSV). 
  • Ele pode causar doenças respiratórias em pessoas de todas as idades, especialmente entre crianças pequenas, idosos e pessoas com sistema imunológico enfraquecido. 
  • Os sintomas mais comuns incluem tosse, febre, congestão nasal e falta de ar. Os casos graves podem progredir para bronquite ou pneumonia. 
  • Uma pessoa pode ser infectada várias vezes ao longo da vida, assim como ocorre com o vírus da gripe.  
  • O período de incubação estimado é de 3 a 6 dias, e a duração média da doença pode variar dependendo da gravidade. 
  • O HMPV, o RSV e o vírus Influenza podem circular simultaneamente durante a temporada de vírus respiratórios e coinfectar pessoas mais suscetíveis. Por isso, medidas de prevenção são fundamentais. 
  • Atualmente, não há vacina ou medicamento específico contra o HMPV.