Acusados de envolvimento em chacina ocorrida em SC são condenados

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Os réus foram denunciados por tirar a vida de sete pessoas e atentar contra outras três, por acharem que elas eram integrantes de uma facção criminosa rival.

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Após dois dias de julgamento no Tribunal do Júri de Joinville, no Norte do estado, três dos nove réus denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por envolvimento em uma chacina que vitimou sete pessoas em janeiro de 2023 foram condenados.

O julgamento começou na manhã de terça-feira (15) e se estendeu até a noite de quarta-feira (16). As penas, somadas, ultrapassam 350 anos.

O caso

No dia 8 de janeiro de 2023, seis corpos carbonizados foram encontrados dentro de um carro incendiado na Estrada Serrinha, bairro Vila Nova, em Joinville. A denúncia do MPSC relata que tudo começou no dia anterior, quando uma das vítimas se desentendeu com uma integrante de facção criminosa em um bar da cidade. Acreditando que o homem pertencia a um grupo rival, a criminosa ordenou a retaliação.

O grupo invadiu a casa onde ele morava com outras vítimas, sequestrou e espancou os moradores. Uma das vítimas foi morta e decapitada no local.

As demais foram separadas e levadas em três veículos a um local isolado. Durante o trajeto, um dos carros que transportava três vítimas que sobreviveram teve problemas mecânicos, impedindo o prosseguimento da execução.

Já os demais foram levados até o bairro Vila Nova, onde seis foram executados com tiros na cabeça e os corpos colocados em um automóvel que foi incendiado. Outro cadáver foi ocultado em uma plantação próxima.

As acusações incluem homicídio qualificado por motivo torpe, uso de meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas — elementos reconhecidos pelo Conselho de Sentença.

As vítimas estavam em Joinville a trabalho, onde viviam em um alojamento. Elas eram naturais de Palmas e Cruz Machado, cidades do Paraná, e foram identificadas como:

  • Daniel Marcolino de Lima, 19 anos
  • Rivair Amaral Ribeiro, 23 anos
  • Bruno dos Santos Sales, 24 anos
  • Ivonei Wendler dos Santos, 26 anos
  • João Mário do Amaral, 28 anos
  • Daniel Marcolino de Lima, 19 anos
  • Marcos da Silva Machado, 30 anos

Condenações

Charles Willian Rodrigues Delfes foi condenado a 87 anos, seis meses e três dias de reclusão. Jackson José da Silva recebeu pena de 127 anos e 14 dias de prisão, além de 10 meses e 22 dias de detenção e multa de R$ 5.280.

Márcio Delfino da Rosa foi sentenciado a 137 anos, três meses e 18 dias de reclusão, mais um ano de detenção e multa de R$ 5.456. Um quarto réu, também julgado na sessão, foi absolvido pelo Conselho de Sentença.

As condenações incluem, além dos homicídios e tentativas, crimes conexos como sequestro, cárcere privado, participação em organização criminosa, dano qualificado e ocultação de cadáver. Como os réus estavam presos preventivamente e com base em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), eles não poderão recorrer em liberdade.

Cinco outros réus denunciados no mesmo processo serão julgados em julho.

A promotora Júlia Wendhausen Cavallazzi, que atuou na acusação, afirmou: “A sociedade joinvilense deu uma resposta à altura da brutalidade dos crimes cometidos. Espero que essa decisão traga algum conforto aos familiares e às vítimas sobreviventes — todos trabalhadores vindos do Paraná com o propósito de construir uma vida digna em nosso estado.”

A brutalidade do caso, associada à atuação de facções criminosas, deixou a cidade de Joinville em estado de choque e motivou uma grande mobilização do sistema de justiça e segurança pública.