Entidade comandada por irmão de Lula é alvo por lucrar com fraudes no INSS

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O sindicato gerido por Frei Chico foi alvo de buscas da Polícia Federal e também foi descredenciado a continuar atuando em nome de aposentados.

José Ferreira da Silva, de 82 anos, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e diretor vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), está no centro da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta-feira (23) pela Polícia Federal (PF).

A investigação apura um esquema nacional de descontos de mensalidades associativas não autorizadas que, segundo a PF, teria drenado cerca de R$ 6,3 bilhões das contas de beneficiários da Previdência entre 2019 e 2024.

De acordo com a Polícia Federal, entidades como a comandado pelo irmão de Lula teriam incluído, de forma irregular, descontos mensais nos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS sem o consentimento explícito dos segurados. A entidade nega as acusações.

Entre 2019 e 2024, ao menos 29 sindicatos e associações teriam assinado acordos com o Instituto Nacional do Seguro Social para cobrança em folha, gerando receitas milionárias obtidas às custas de beneficiários vulneráveis.

Ontem, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado, em meio ao avanço das investigações que começaram em 2023 e já ouviram cerca de 1,3 mil aposentados — vítimas dos descontos não autorizados.

Além da deflagração de mandados de busca e apreensão no escritório de Frei Chico, a entidade foi descredenciada para continuar atuando em nome de aposentados junto ao INSS.

Trajetória de Frei Chico

Quatro anos mais velho que o atual presidente, Frei Chico foi responsável por apresentar Lula ao meio sindical e ao cenário político, no final da década de 1960. Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1968, ele chegou a ser indicado pelo próprio PCB para concorrer à direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, mas preferiu indicar Lula como suplente ─ segundo arquivos do jornal Folha de S.Paulo.

Até o momento, o presidente Lula não se manifestou publicamente sobre o envolvimento do irmão no esquema investigado pela Polícia Federal. A expectativa é de que o Planalto emita uma posição oficial nas próximas horas, diante da gravidade das denúncias e do impacto político que elas podem causar.