Na semana passada, 11 recém-nascidos (entre 1 e dois dias de vida) na maternidade do Hospital Santa Cruz de Canoinhas receberam, por engano, uma dose de antídoto contra picada de cobra no lugar da vacina contra hepatite B. O erro só foi percebido no sábado (14).
De acordo com a direção do hospital, os frascos são muito parecidos, e um assistente de enfermagem teria se confundido e aplicado o soro no lugar da vacina.
Das onze famílias, quatro são de Canoinhas e as demais são de Papanduva e Bela Vista do Toldo.
Os bebês foram submetidos à aplicação inadequada de um soro antibotrópico utilizado como antídoto para picadas de serpentes como jararacas e jaracuçus, que age neutralizando o veneno na circulação sanguínea.
A diretoria do hospital informou que, desde a identificação do erro, nenhum dos recém-nascidos teve efeitos colaterais ou complicações graves. O monitoramento dos bebês e o acompanhamento das famílias continuam, e todos permanecem estáveis.
Segundo o hospital, cada bebê recebeu uma dose de 0,5 ml do antídoto. Para contextualizar, a dosagem usualmente aplicada em uma pessoa com picada de cobra seria de três ampolas, equivalente a 30 ml.
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
A Secretaria de Saúde de Canoinhas foi notificada sobre o ocorrido na segunda-feira (14), pela Regional de Saúde de Mafra.
Em nota, a prefeitura de Canoinhas esclareceu que a administração da vacina não é responsabilidade do município, mas sim da equipe do Hospital Santa Cruz, uma vez que o erro foi cometido dentro da maternidade da unidade.
A Regional de Saúde confirmou que todas as famílias foram avisadas, e os recém-nascidos serão acompanhados de perto pela equipe da Vigilância Epidemiológica de Canoinhas.
A prefeita Juliana Maciel determinou a contratação de uma auditoria externa para investigar o caso. Ela ressaltou que o município repassa cerca de R$ 1 milhão ao hospital para custear atendimentos via SUS.
Além do acompanhamento externo, o Hospital Santa Cruz de Canoinhas também iniciou uma sindicância interna para apurar todas as informações sobre o erro. A diretora Karin Adur expressou o abalo da equipe com a situação.
Posicionamento do Hospital Santa Cruz
Em comunicado, o Hospital Santa Cruz de Canoinhas declarou:
“O Hospital Santa Cruz de Canoinhas informa que identificou, no dia 11 de julho de 2025, uma ocorrência envolvendo a administração de medicamentos em sua unidade de maternidade, a qual está sendo devidamente apurada por meio de sindicância interna.
Desde o primeiro momento, o Hospital adotou todas as medidas de assistência e acolhimento às famílias e aos recém-nascidos envolvidos, que vêm e serão monitorados de forma contínua por nossa equipe multidisciplinar. Reforçamos que, nenhuma reação adversa foi identificada nos recém-nascidos, os quais não estão internados, permanecem estáveis e sob acompanhamento, estando todas as famílias sendo acompanhadas por nossa equipe que está seguindo todos os protocolos de segurança dos pacientes.
O Hospital reafirma seu compromisso com a transparência, com a ética profissional e, sobretudo, com a segurança e bem-estar de seus pacientes e da comunidade, adotando todas as providências cabíveis para o total esclarecimento do ocorrido.”
Sobre o antídoto e possíveis reações
De acordo com informações do Instituto Butantan, o antídoto administrado é indicado para casos de picadas por serpentes do gênero Bothrops (como jararaca, jararacuçu, urutu, jararaca pintada, caiçaca) ou por serpentes do gênero Crotalus (cascavéis), especialmente quando a serpente causadora do acidente não pôde ser classificada.
As reações adversas ao antiveneno podem ocorrer até 24 horas após a administração e, na maioria dos casos, são leves.
Geralmente, manifestam-se durante ou logo após a aplicação, com sintomas como coceira, manchas avermelhadas na pele, vermelhidão facial, congestão nasal e/ou conjuntival, tosse seca, náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia. Reações mais graves, como choque anafilático, são raras, ocorrendo em 0,01% a 0,1% dos pacientes.