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Preço da carne deve continuar alto em 2025 e subir mais em 2026

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Consultoria do Itaú BBA prevê menor oferta de gado e alta na carne bovina, enquanto arroz deve seguir em queda e café ainda pesa no bolso.

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A oferta de gado para abate deve diminuir no Brasil a partir de 2025, o que deve manter os preços da carne bovina elevados para o consumidor nos próximos dois anos. Essa é uma das previsões feitas por analistas da Consultoria Agro do Itaú BBA, durante evento com a imprensa realizado na última quinta-feira (3).

Além da carne bovina, o levantamento apontou tendências para outros alimentos: o frango deve voltar a registrar recordes de exportação, o arroz tende a manter os preços em queda e o café, embora esteja mais barato no campo, ainda deve continuar caro para o consumidor por algum tempo.

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Carne bovina: menos oferta, mais pressão no preço

A inflação das carnes, em geral, acumula alta de 23% nos últimos 12 meses encerrados em maio, segundo o IBGE. O contrafilé, por exemplo, teve aumento de 24% no período. A elevação é reflexo direto do aumento do preço do boi gordo, que, segundo os analistas, está sendo repassado integralmente ao consumidor.

“Desde agosto do ano passado, a alta do boi gordo tem sido integralmente repassada para o preço da carne, tanto no mercado interno quanto nas exportações”, explicou César de Castro Alves, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA.

A projeção inicial é de uma leve queda de 1% na produção de carne bovina em 2025, mas esse cenário pode mudar, já que ainda há muitos animais disponíveis para abate. No segundo semestre, espera-se também um aumento de bois confinados.

Para 2026, no entanto, a previsão é de queda significativa na oferta de gado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos – maior produtor mundial de carne bovina. Lá, a oferta deve recuar 2,3% em 2025 e 4,1% em 2026, o que deve contribuir para a manutenção dos preços em alta globalmente.

Frango: exportações devem se recuperar após caso de gripe aviária

Mesmo com o impacto temporário da gripe aviária registrada em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, em maio, o Itaú BBA acredita que as exportações de frango devem se recuperar e voltar a bater recordes.

Antes dos bloqueios, as vendas externas da carne de frango cresceram 5% entre janeiro e maio, na comparação com o mesmo período de 2024. Após o caso confirmado da doença, as exportações recuaram 13,4% em maio e 21,6% nas três primeiras semanas de junho.

A carne não exportada aumentou a oferta interna e derrubou os preços no atacado. A inflação do frango no atacado caiu 16% entre 16 de maio e 30 de junho. No entanto, com o controle rápido da situação e a ausência de novos casos, países já começam a retomar as compras, o que pode reverter a queda de preços.

Arroz: produção recorde mantém preços em baixa

O arroz segue na contramão da carne e do frango. Com estoques elevados no Brasil e uma produção global recorde, o grão teve deflação de 12% nos últimos 12 meses até maio, segundo o IBGE. A tendência é que o preço continue estável ou até mesmo mais baixo no curto prazo.


Café: preços caem no campo, mas impacto no mercado ainda demora

Nos supermercados, o café continua caro, mas os preços começaram a cair para os produtores com o avanço da colheita, iniciada em março. Essa queda é puxada principalmente pela expectativa de aumento da safra de café robusta, graças às boas condições climáticas no Espírito Santo.

Já a produção de café arábica será menor devido à seca do ano anterior. Mesmo assim, a produção total de café no Brasil deve crescer 0,5% nesta safra.

A oferta mundial também colabora para a tendência de baixa nos preços no campo. Países como Vietnã e Indonésia, grandes produtores, devem registrar aumento na produção. Ainda assim, o consumidor pode demorar a sentir esse alívio no bolso.