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Médico acusado por morte e retirada de órgãos de criança é condenado em MG

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Morte cerebral de um menino de 10 anos teria sido forjada para que os médicos removessem ilegalmente os seus órgãos.

Há exatamente 22 anos atrás, o caso Pavesi ganhou repercussão nacional, quando quatro médicos foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado de Paulo Veronesi Pavesi, que na época era uma criança de apenas 10 anos.

Conforme a Justiça, os quatro médicos teriam sido responsáveis por procedimentos incorretos na morte e remoção de órgãos do garoto, após ele cair de uma altura de 10 metros no prédio onde morava.

O exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado, e o garoto ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos.

JULGAMENTO

Álvaro Ianhez, um dos médicos acusados, foi condenado por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e pelo fato de a vítima ter menos de 14 anos, em Tribunal do Júri ocorrido nesta terça-feira (19), em Belo Horizonte (MG). A pena é de 21 anos e oito meses de prisão em regime fechado.

O pedido da defesa para que o réu pudesse recorrer em liberdade foi negado devido à “gravidade do crime”, segundo o juiz que presidiu o tribunal. Um mandado de prisão foi expedido contra o médico, que está em São Paulo.

O que diz a denúncia

Segundo a denúncia do Ministério Público, Ianhez foi um dos médicos que causaram a morte de Paulinho Pavesi, que estava sendo atendido no hospital da Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas (MG) depois de sofrer traumatismo craniano devido a uma queda.

O garoto deu entrada na Santa Casa, ainda com vida, no dia 19 de abril de 2000. Ele morreu dois dias depois, no dia 21 de abril, quando os médicos acusados atestaram sua morte encefálica.

“Essa foi uma das diversas irregularidades ocorridas no atendimento ao garoto, pois, como interessados no transplante de órgãos, havia proibição legal para que eles atuassem na constatação da morte do paciente”, informou o Ministério Público de Minas.

Segundo a denúncia do Ministério Público, Álvaro e outros acusados, José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto e Marco Alexandre Pacheco da Fonseca, agiram com intenção de forjar e documentar a morte de Paulo Pavesi para a retirada ilegal de órgãos.

“Ele [Álvaro Ianhez] é o médico responsável pela retirada dos órgãos. Ele era o médico, que era o diretor da Santa Casa onde se fazia o transplante de órgãos. Ele é o dono da clínica onde era feito o transplante ilegal de rim”, disse o advogado da família, Dino Miraglia.

“Ele estava presente desde a hora que em que ele (Pavesi) foi transferido de um hospital para outro sem a menor necessidade e quando anestesiaram o menino pra fazer retirada de órgão. Se o menino estava com morte cerebral, para que anestesiou? Anestesiou porque não tinha morte cerebral. Se não tinha morte cerebral, não podia ter transplante”, completou o advogado.

Depoimento do pai

Conforme divulgado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Paulo Airton Pavesi, pai da criança, afirmou que doaria os órgãos do menino, caso houvesse morte cerebral. A decisão foi compartilhada com os médicos depois que soube da piora do estado de saúde do filho.

O homem ainda contou que presenteou os médicos com placas de metal pelos cuidados prestados ao filho pelos profissionais. Mas descobriu o crime após analisar a conta do hospital, que listava tratamentos incompatíveis com o estado de saúde da criança.

A conta – no valor de R$ 11.668,62 – tinha cobranças e dados que não condiziam com o que havia sido feito, inclusive com a cobrança de medicamentos para remoção de órgãos, que oficialmente é custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Ainda de acordo com o Tribunal de Justiça, Paulo Airton informou que os procedimentos realizados no hospital visavam manter a saúde dos órgãos para doação irregular, e uma exumação posterior constatou a retirada de órgãos que ele não tinha autorizado.

O pai do menino ainda contou que as denúncias que foram feitas a partir do caso motivaram a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em Brasília, e que sofreu perseguições que o fizeram se refugiar na Itália.

Em janeiro de 2021, outros dois médicos, José Luiz Gomes da Silva e José Luiz Bonfitto, foram condenados a 25 anos de prisão. Já Marcos Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido. Ele não foram a júri popular.

Os médicos Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes chegaram a ficar presos por 30 dias e ganharam na Justiça o direito de recorrer da sentença em liberdade. Já Sérgio Poli Gaspar ficou foragido por um mês e após se entregar passou apenas um dia preso.

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