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‘Não tem dinheiro’, dizia Passos enquanto milhares vivem em extrema pobreza

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Os investimentos públicos, prejudicados pela conduta dos investigados, poderiam mudar a vida de milhares de pessoas para melhor.

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Embora Beto Passos alegasse insistentemente a carência de recursos financeiros do município, para consumar as fraudes nunca faltou dinheiro. Ou seja, ao mesmo tempo em que os recursos municipais eram colocados nas mãos de criminosos, o povo ficava sem acesso aos mais básicos direitos.

O abalo à ordem econômica fica claro e límpido com as movimentações financeiras vinculadas a Renato Pike e o ex-prefeito, de acordo com Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).

No curto período em que esteve no cargo vice-prefeito de Canoinhas, Pike movimentou (somando-se créditos e débitos) extraordinários R$ 95.000.000,00 (noventa e cinco milhões de reais), sendo que significativa parte desses valores são oriundos quantias desviadas da população canoinhense.

Assim como aconteceu com o vice, Gilberto dos Passos também teve o seu patrimônio aumentado exponencialmente depois da assunção do cargo público e decorrentes dos diversos delitos praticados. “É, portanto, para o seu bolso, que vão os valores que deveriam ser aplicados nos serviços públicos“, apontou o órgão.

Os crimes de colarinho branco, tais como apurados no presente caso, não têm uma vítima específica, mas lesam toda a comunidade.

Neste contexto, enquanto os representados usufruem de viagens a Brasília, imóveis milionários, carros de luxo e contas bancárias vultuosas, tudo às custas do dinheiro público, cerca de 3 mil canoinhenses, cadastrados no CadÚnico, encontra-se em situação de extrema pobreza.

Os investimentos públicos, prejudicados por condutas como as que estão sendo invetigadas, poderiam transformar essa realidade, mudar a vida de milhares de pessoas para melhor.

Conforme demonstrado pelo MPSC, a maior parte da população canoinhense, inserida nos cadastros de assistência social, possui escolaridade apenas até o ensino fundamental e cerca de 20% delas não sabe ler nem escrever.

A baixa escolaridade da população de Canoinhas pode ser justificada e melhor entendida pela ausência de incentivos municipais aos estudantes e professores, bem como à precariedade das escolas municipais, que, inclusive, estão fechando as portas em localidades do interior, conforme apura uma denúncia feita à Promotoria de Justiça de Canoinhas em 2021.

A Notícia de Fato relatou o fechamento das escolas nas localidades de Sítio dos Correa e Campina dos Ribeiros, no interior do município.

Os alunos seriam transferidos para a outra escola municipal, na localidade de Campo dos Buenos. As três escolas atendem crianças do pré-escolar ao 5º ano e contam com apenas uma sala de aula.

Os professores demonstraram preocupação, na época, pelas crianças pequenas que teriam que utilizar o transporte escolar e andar pelas estradas perigosas até o ponto de embarque.

Como se vê, a indignação dos cidadãos canoinhenses é plenamente compreensível, tendo em vista o elevado padrão de vida adotado nos últimos anos pelo prefeito e pelo vice-prefeito, Gilberto dos Passos e Renato Pike, com o uso de recursos públicos que poderiam, e deveriam, ser empregados em favor da população.