O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou na segunda-feira (6), sua visita a Genebra, na Suíça, onde participou de reunião do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. De Genebra, o presidente seguiu para Ecaterimburgo, na Rússia, onde participa da primeira cúpula presidencial dos BRICs (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China).
Na última sexta-feira (3), durante reunião do Conselho, o governo do presidente Lula se recusou a assinar um manifesto, feito por 55 países, contra a ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua e a favor da população nicaraguense.
Durante a reunião, o Brasil permaneceu em silêncio sobre a situação dos direitos humanos na Nicarágua e sobre as ações autoritárias e violentas de Ortega. Segundo um grupo de especialistas da ONU, o governo nicaraguense cometeu violações sistemáticas dos direitos humanos que constituem “crimes contra a humanidade”.
No segmento geral, outras cinco nações se pronunciaram, incluindo Israel, Líbia e Somália. Organizações não governamentais e representantes da sociedade civil também tiveram tempo de fala. O Brasil, por sua vez, permaneceu em silêncio.
Diante das críticas, o governo brasileiro anunciou medidas nesta terça-feira (7), a exemplo da que vai abrir as portas do país para cerca de 300 cidadãos da Nicarágua que perderam sua nacionalidade após decisão do ditador nicaraguense.
“Ao reafirmar seu compromisso humanitário com a proteção de pessoas apátridas e com a redução da apatridia, o governo brasileiro coloca-se à disposição para acolher as pessoas afetadas pela medida, ao abrigo do estatuto especial previsto na Lei de Migração brasileira”, disse o Brasil à ONU.
LULA E ORTEGA
Os presidentes Lula e Ortega são conhecidos de longa data. Durante os primeiros mandatos, o petista se encontrou diversas vezes com o nicaraguense para debater, por exemplo, integração regional.
No poder desde 2007, o ditador mandou prender sete de seus opositores antes que a população fosse às urnas, eliminando candidatos que pudessem ameaçar sua vitória.