Shimoguiri deslocava-se até a SC-120 para buscar ‘dinheiro vivo’, diz colaborador

Avatar photo
Segundo o delator, primeiro ele ia até a prefeitura para informar previamente à Shimoguiri em qual local seria entregue a propina — Na foto acima, momento em Luiz Shimoguiri chega na prefeitura com os agentes do GAECO o dia em que foi preso.

LEIA TAMBÉM

As investigações da Operação Mensageiro, que foca no escândalo do lixo em Santa Catarina, têm como ponto central a figura de um empresário, ex-funcionário da Serrana Engenharia, que ficou conhecido como “Mensageiro”, já que as entregas de valores ilícitos (propinas), para prefeitos de municípios catarinenses, seriam, em tese, realizadas por ele, ao passo que este, ao realizar colaboração premiada, contou detalhadamente vários encontros que teve com o prefeito de Três Barras, Luiz Shimoguiri.

O mensageiro relatou que realizou entregas de propina na saída do município de Três Barras, sentido Mafra, pela SC-120 que liga à BR-280. Segundo o delator, este ia primeiro até a prefeitura para informar previamente à Shimoguiri em qual local seria entregue o ‘dinheiro vivo’.

Segundo o Ministério Público, há várias interações telefônicas registradas entre o mensageiro e Luiz Shimoguiri e, segundo a análise das Estações Rádio Base, o mensageiro se deslocava de Piên, no Paraná, para Três Barras ou Canoinhas, que conforme apontam as investigações, seria para pagamento de vantagens indevidas, sempre com dinheiro em espécie.

Inclusive, há provas nos autos, de contato telefônico, que o mensageiro estava na área de cobertura da residência do prefeito. Segundo o delator, o encontro ocorreu mesmo para entrega de propina. Os valores, conforme investigação do GAECO, seriam de cerca de R$ 17 mil mensais.

Em outras duas oportunidades, por exemplo, as Estações Rádio Base de ambos, apontaram para deslocamento destes para a SC-120, local onde o mensageiro também afirmou que entregou valores ilícitos para Shimoguiri.

Em 2022, em virtude de desconfiança de que o mensageiro estava sendo investigado, outra pessoa passou a fazer a entrega de propina devido a relação de confiança de longa data que possuiria com o prefeito de Três Barras. Segundo a investigação, esse homem*, que também fez acordo de colaboração premiada, foi funcionário no sítio do pai do prefeito municipal ,por ao menos 10 anos.

Mais especificamente, o prefeito Shimoguiri, por nutrir confiança pelo agora delator, pediu para que as entregas de propina passassem a ser feitas ele, em reuniões realizadas
nos dias 3 e 8 de março de 2022. Estações Rádio Base confirmam que um funcionário da Serrana, nos respectivos dias, deslocou-se de Joinville para Três Barras e esteve na Prefeitura do município.

Segundo o delator, para o pagamento de propina para Shimoguiri, ele se deslocou de Três Barras, por quatro ou cinco oportunidades, para Joinville, para pegar valores que posteriormente foram entregues ao prefeito municipal.

O delator contou que, a pedido do prefeito Shimoguiri, fez a entrega de propina para o Secretário de Obras do município. Em sua colaboração premiada, ele deu detalhes da residência em que, em tese, foi feito o pagamento de propina, ao passo que diligências do
GAECO confirmaram que o imóvel pertencente ao Secretário de Obras de Três Barras. No mesmo momento, houveram contatos telefônicos entre o Secretário e o Prefeito.

Ainda, segundo o delator, em outra oportunidade teria entregue propina na residência da própria mãe do prefeito Shimoguiri, deixando aos cuidados do irmão do alcaide.

Luiz Divinsir Shimoguiri (PSD), está detido no Presídio Regional de Joinville.  De acordo com o MPSC, há elementos robustos que indicam que o Alcadeide possa estar praticando os crimes de fraudes à licitação, peculato**, corrupção passiva e organização criminosa, no contexto dos contratos da Serrana/Versa***.

*O homem: Uma decisão judicial impede a imprensa de divulgar nomes dos envolvidos na Operação Mensageiro que fizeram Acordo de Colaboração Premiada.

**Peculato: É um dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral. Caracteriza-se pela apropriação efetuada pelo funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.

*** Versa: A Serrana Engenharia, empresa de saneamento investigada na Operação Mensageiro, mudou de nome. Agora é chamada Versa Engenharia Ambiental.