O corpo de uma criança foi encontrado por um reciclador dentro de um contêiner de lixo em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, na manhã da última sexta-feira (9), de acordo com a Brigada Militar (BM). A vítima foi identificada como Kerollyn Souza Ferreira, de 9 anos.
A mãe da criança é a principal suspeita da morte, segundo a polícia, teve a prisão temporária decretada pela Justiça.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, depoimentos e documentos apresentados pela polícia indicam que a mulher submetia a filha a intenso sofrimento físico e mental. A investigação apontou que a menina seria vítima de negligência e extrema agressividade, de acordo com a análise do juiz João Carlos Leal Júnior, caracterizando as práticas de maus-tratos, abandono de incapaz e tortura.
Ainda de acordo com o Judiciário, a investigada admitiu à polícia que havia dado um medicamento controlado para a filha sem orientação médica. Ao acordar, a suspeita não teria encontrado a criança em casa e, ainda assim, voltou a dormir.
Os policiais que relataram o caso ao juiz destacaram que a mulher não demonstrou surpresa ao ser informada da localização de um corpo que poderia ser o da filha e que, sem expressar tristeza ou choque, teria ficado com raiva por ser considerada suspeita.
Relato de vizinhos
Vizinhos relataram à RBS TV que a menina residia próximo ao local onde foi encontrada sem vida. Uma guarnição da Brigada Militar foi até a residência e conversou com uma mulher, que confirmou que seria a mãe da menina, mas que a criança não havia dormido em casa na noite anterior.
Os PMs suspeitaram do comportamento da mulher e a conduziram até uma Delegacia de Polícia para prestar depoimento. O pai da menina mora em Santa Catarina e não tem contato com a família.
“A guria dormia na rua, a guria comia comida do lixo, os vizinhos me falaram. Era uma situação que eu não estava sabendo, não estava por dentro do que estava acontecendo”, afirma Matheus Ferreira, pai de Kerollyn.
A filha chegou a morar com ele nos primeiros meses de vida e aos sete anos. Contudo, a criança voltou para a casa da mãe.
“Sempre deixei claro para ela [a mãe]: ‘cara, se tu não quer cuidar da guria, se tu não tem paciência, então dá a guria para mim, deixa que ela fica comigo, que eu cuido e não tem problema’. Só que ela [a mãe] nunca quis, ela nunca aceitou”, afirma Matheus.
Testemunhas são ouvidas pela investigação. Imagens de câmeras de monitoramento das proximidades do local onde o corpo foi encontrado serão analisadas.
O Conselho Tutelar do município informou que já acompanhava o caso da menina. Segundo o órgão, havia um expediente aberto sobre violação de direitos.