Mãe deu sedativo à filha encontrada morta em lixeira, diz polícia

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A investigação demonstrou que a menina sofria múltiplas violências e era medicada de forma inadequada pela mãe, que dizia que a menina surtava.

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A mãe de Kerollyn Souza Ferreira, de 9 anos, disse à Polícia Civil que deu um sedativo sem prescrição médica à menina horas antes dela ser encontrada morta dentro de um contêiner de lixo em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

De acordo com a investigação, a criança teria ingerido 1 grama de clonazepam, usado no tratamento de epilepsiatranstornos de ansiedadesíndrome do pânico, entre outros.

Em doses altas, ele pode causar a sedação, chegando a quadros de coma que podem levar à morte. Por isso, o uso é controlado. A criança também teria recebido a medicação risperidona (com prescrição).

A investigada afirmou em depoimento que também teria ingerido clonazepam. A mulher relatou à polícia que ela e a filha foram dormir momentos depois. A suspeita disse que acordou por volta de 7h, viu que a menina não estava em casa, tomou mais medicamento e voltou a dormir.

Carla Carolina Abreu Souza está em prisão temporária desde sábado (10). Ela é suspeita de ser responsável pela circunstância que levou à morte da filha, de acordo com a Polícia Civil.

A causa da morte de Kerollyn ainda não está esclarecida. O corpo da menina foi submetido a necropsia, e o laudo deverá ser finalizado nos próximos dias.

“A investigação já demonstrou que a menina sofria múltiplas violências; que era negligenciada; que pedia comida na vizinhança e pegava alimentos daquele mesmo contêiner onde foi encontrada; que andava mal agasalhada; estava cheia de piolhos; e era medicada de forma inadequada pela mãe, que dizia que a menina surtava”, sustenta a Polícia Civil.

Vizinha afirma ter acionado Conselho Tutelar ‘mais de 20 vezes’

Uma vizinha e mãe de um colega de escola de Kerollyn, afirmou, em entrevista à RBS TV, ter acionado o Conselho Tutelar “mais de 20 vezes” para falar sobre a situação da criança.

Segundo a dona de casa Fernanda Cardoso, Kerollyn pedia carinho comida aos vizinhos.

Eu liguei mais de 20 vezes, eu pedi por favor pra eles resolverem. Eu mandava foto da criança, mandava tudo. A criança na chuva pedindo. Ela vivia na minha porta pedindo. Pedia água, pedia abraço, pedia beijo“, relatou.

Em áudio enviado a Fernanda no dia 2 de agosto, a conselheira tutelar Ieda Lucas respondeu que “estavam acompanhando a situação”. A criança foi encontrada morta uma semana depois.

“Estamos acompanhando essa situação. O Conselho está sabendo, e a mãe está tomando as providências. Nós estamos fazendo todas as medidas possíveis, ok? Obrigada”, disse Ieda.

Em nota, o Conselho Tutelar de Guaíba alega que está “acompanhando e colaborando com as autoridades competentes”, mas que não pode fornecer detalhes adicionais sobre o andamento das investigações.