Na terça-feira (17), um sequestro movimentou as forças policiais após câmeras de segurança, no bairro Jardim Botânico em Curitiba (PR), registrarem o momento em que o veículo de um empresário foi abordado por criminosos, que o forçaram a retornar ao carro e fugiram em seguida. A quadrilha tentou transferir R$ 3,7 milhões da conta da vítima, informou a Polícia Civil. 

Os suspeitos do sequestro foram presos em uma área de mata em Papanduva nesta quinta-feira (19). As cidades são distantes cerca de 160 quilômetros. Também nesta quinta, a Polícia Civil do Paraná disse que o sequestro do empresário foi planejado pela funcionária de uma empresa dele (leia detalhes abaixo).

De acordo com a Polícia Civil, horas após o sequestro na terça-feira, o veículo do empresário foi encontrado carbonizado próximo ao zoológico de Curitiba, aumentando a angústia dos familiares, já que a vítima não havia sido localizada.

A Polícia Civil conseguiu estabeleceu contato com a família do empresário e encontrou o Fiat Palio Weekend usado pelos sequestradores. Os agentes orientaram que os familiares do homem entrassem em contato com a agência bancária dele para informar o sequestro.

“Durante a manhã, orientamos a família a entrar em contato com o gerente do banco para que ficasse em alerta em relação a uma eventual tentativa de transferência. O gerente informou que a vítima já havia feito contato com o celular dela tentando fazer uma transferência TED de R$ 3,7 milhões”, revelou o delegado Fernando Zamoner.

“A ideia deles não era pedir resgate à família, mas apenas efetuar uma transferência bancária da conta da vítima, o que deu errado. Nós já sabíamos que isso estava acontecendo e os valores foram bloqueados antes da transferência”, acrescentou o delegado Thiago Teixeira, do Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial).

Somente na quarta-feira (18), os sequestradores estabeleceram contato com a família do empresário, exigindo um resgate. Informações apontaram que os criminosos estavam se deslocando em direção a Santa Catarina, o que levou ao acionamento imediato das equipes da Polícia Militar do estado.

Ainda, no dia 18, uma rápida e coordenada operação resultou no estabelecimento de um cerco na BR-116, na cidade de Monte Castelo, no Planalto Norte do estado, possibilitando que a vítima fosse resgatada, enquanto os autores fugiram para uma área de mata – próxima à BR-116, na localidade de Floresta, em Papanduva.

“Ele [o veículo] tentou se evadir e fez o retorno. Então começamos a perseguição por alguns quilômetros, até que numa entrada da localidade Floresta eles perderam o controle do veículo e colidiram. Os quatro homens que sequestraram a vítima fugiram do local e o empresário foi encontrado ali, sentado no banco do passageiro“, explica Eduardo Borges, Delegado da Polícia Civil de Papanduva. A vítima não estava ferida.

Durante as operações de saturação da área, uma guarnição da PM de Santa Catarina prendeu um suspeito em Monte Castelo, que portava o cartão de crédito da vítima.

As buscas continuaram durante toda a noite e madrugada envolvendo policiais militares do 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Canoinhas, com apoio do 38º BPM de Mafra, do 33º BPM de Curitibanos, do 12º Comando Regional de Polícia Militar (CRPM), do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PMSC.

Já na manhã desta quinta-feira (19), outro indivíduo, oriundo do estado do Rio Grande do Sul, foi detido. Ele era suspeito de estar envolvido no apoio logístico aos sequestradores foragidos – tendo a missão de resgatá-los em uma localidade próxima.

“A intensa atuação da PMSC culminou na localização e prisão dos três últimos envolvidos, além da apreensão de duas armas”, informou a PM em nota.

Funcionária é suspeita

A Polícia Civil disse que o sequestro do empresário em Curitiba após um acidente de trânsito foi planejado pela funcionária de uma empresa dele.

A mulher é uma das seis pessoas presas suspeitas de envolvimento no caso. Segundo a polícia, ela trabalhava há três anos para o empresário e ocupava um cargo como gerente. Durante depoimento, ficou em silêncio.

O marido dela também foi preso na operação. A polícia informou que ele deu informações sobre a participação dos outros suspeitos.

Em nota, a defesa dos presos disse que aguarda “o desenrolar das investigações e que confia na polícia”. A família do empresário informou, também em nota, que ele está bem, mas que não vai comentar a suspeita do crime ter sido planejado por uma funcionária dele.

O próximo passo da investigação é identificar se há mais envolvidos no caso e também a motivação do crime.