Folha de SP – O aumento das alíquotas do ICMS sobre combustíveis no início de fevereiro promete intensificar os desafios para o controle da inflação, especialmente diante de um cenário pressionado pela valorização do dólar e pela recuperação das cotações internacionais do petróleo.
A partir do próximo mês, a alíquota do ICMS sobre gasolina e etanol será elevada em R$ 0,10 por litro, passando de R$ 1,37 para R$ 1,47.
Para o diesel e o biodiesel, o reajuste será de R$ 0,06 por litro, indo de R$ 1,06 para R$ 1,12. Esses aumentos coincidem com a já elevada defasagem nos preços desses combustíveis, que começaram 2024 sob forte pressão de custos externos.
Impacto no IPCA e nos consumidores
A gasolina, com o maior peso no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pode ser um dos principais vetores de pressão inflacionária.
Apesar de a Petrobras ter indicado que ainda aguardará para determinar reajustes, os preços nas bombas já refletem a alta do dólar e os custos de importação. Além disso, o preço de venda praticado pela maior refinaria privada do país também contribui para os aumentos percebidos pelos consumidores.
De acordo com o levantamento da Edenred Ticket Log, o diesel S-10 encerrou dezembro com o maior preço registrado em 2024, a R$ 6,27 por litro, uma alta acumulada de 2,79% no ano.
Dólar e demanda sazonal agravam situação
“As altas registradas no dólar têm afetado o mercado de combustíveis, assim como a maior demanda por transporte, tradicional nesta época do ano,” afirmou Douglas Pina, diretor-geral de Mobilidade da Edenred Brasil. A escalada cambial nas últimas semanas, aliada ao aumento da procura por transporte durante o verão, contribuiu para agravar a situação.
O cenário reforça a complexidade do equilíbrio entre controle inflacionário e recuperação econômica, especialmente em um momento em que a redução das taxas de juros parece cada vez mais difícil.