Em evento realizado em Brasília nesta quinta-feira (20) pelo Partido Liberal (PL), o ex-presidente Jair Bolsonaro qualificou de “narrativa” a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele e outras 33 pessoas, imputando-lhes a tentativa de golpe de Estado.
No Primeiro Seminário Nacional de Comunicação do PL, Bolsonaro desdenhou das acusações e ironizou os clamores de sua prisão. “O tempo todo, ‘vamos prender o Bolsonaro’. Caguei para a prisão”, afirmou o ex-presidente, enfatizando que, para ele, a acusação se resume a meras narrativas.
Durante seu discurso, Bolsonaro afirmou: “Não tenho obsessão pelo poder. Tenho paixão pelo nosso Brasil. Ao contrário de alguns poucos aqui, em Brasília, que no momento mandam muito, eu estou com a consciência tranquila. [Eles] nada mais têm contra nós do que narrativas. Todas foram por água abaixo. Investiram pesadamente agora nessa última: golpe.”
Em meio à retórica, Bolsonaro também ironizou a acusação, referindo-se a ela como um “golpe da Disney”, em alusão à sua viagem aos Estados Unidos após deixar o Planalto.
O ex-presidente negou qualquer envolvimento em planos golpistas e ressaltou que sua postura e suas ações demonstram a tranquilidade de sua consciência.
As declarações foram feitas dois dias após a PGR ter apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra 34 pessoas por participação em uma trama golpista, em 2022, para manter Bolsonaro no poder.
No documento, o ex-presidente é apontado como líder de uma organização criminosa que teria praticado atos contra a democracia e articulado um “projeto autoritário de poder”. Entre os cinco crimes imputados estão:
- Deterioração de patrimônio tombado;
- Liderança de organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Golpe de Estado;
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união.
Caberá ao Supremo avaliar e decidir se acolhe ou rejeita a denúncia. Se for aceita, Bolsonaro se tornará réu e responderá a um processo penal no STF, podendo ser condenado pelos crimes descritos na acusação e preso.
Somadas, as penas máximas previstas para os crimes imputados pela PGR a Bolsonaro podem chegar a quase 40 anos.