Bolsonaro usa colete à prova de balas em ato por anistia no Rio de Janeiro

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Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que não fugirá do Brasil para evitar uma eventual prisão. Em mensagem aos opositores políticos e à própria Justiça, o ex- chefe do Executivo reafirmou a intenção de se candidatar à presidência em 2026.

Em ato na orla de Copacabana no Rio de Janeiro, na manhã deste domingo (16), Jair Bolsonaro pediu anistia para condenados do 8 de janeiro, quando houve invasão e depredação nas sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Afirmou que não vai sair do Brasil e será um ator de pressão para opositores “preso ou morto”. Ele sustentou que as acusações que responde na Justiça são “narrativas” e chamou a tentativa de golpe de Estado de “historinha”.

Bolsonaro usou um colete à prova de balas ao participar de ato. Segundo assessores do ex-presidente, o esquema de segurança é o mesmo dos outros eventos abertos ao público. O item de segurança foi colocado por baixo da blusa do Brasil que Bolsonaro usou. No ano passado, em evento na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente também usou colete balístico, seguindo o protocolo de segurança.

Ao discursar neste domingo, o ex-presidente sugeriu existência de uma narrativa contra ele com o objetivo de condená-lo: “O que eles querem? É uma condenação. Se é 17 anos para as pessoas humildes [já condenadas por participação nos atos do 8/1], é para justificar 28 anos para mim. Não vou sair do Brasil. A minha vida estaria muito mais tranquila se eu estivesse ao lado deles”, afirmou.

Bolsonaro argumenta que essa seria uma estratégia para driblar a possibilidade de sua inelegibilidade ser revertida. O ex-presidente foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030, por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação.

O ato foi idealizado pelo pastor Silas Malafaia e contou com a participação de diversas autoridades, incluindo governadores, senadores e deputados federais.

A manifestação interditou o trecho da Avenida Atlântica entre as ruas Barão de Ipanema e Xavier da Silveira. Dados do Monitor do Debate Público do Meio Digital estima que o evento reuniu 18,3 mil no seu momento de pico, às 12h (de Brasília). Já o Datafolha estimou o público em 30 mil pessoas.

Segundo o Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, a manifestação pela anistia reuniu mais de 400 mil pessoas e foi monitorada pela corporação, sem registros de ocorrência.

Foto: Polícia Militar do Rio de Janeiro/Reprodução

A manifestação acontece em meio à expectativa pelo julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que irá deliberar nos dias 25 e 26 de março se acata ou não a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado tramada após as eleições de 2022.

Até o momento, 481 pessoas foram condenadas pelo STF. Dessas, 255 tiveram suas ações classificadas como graves. Oito dos investigados foram absolvidos.

“Quando eles querem me tirar por uma condenação, já que a inelegibilidade está ameaçada para eles, inventam uma historinha de golpe. Que golpe é esse que eu tenho que provar que não dei? Tem que ser o contrário, eles têm que provar que eu tentei”, disse.

Bolsonaro também falou sobre as eleições de 2026 e fez um apelo aos seus apoiadores: “Peço a vocês, que por ocasião das eleições do ano que vem: me deem 50% da Câmera e 50% do Senado que eu mudo o destino do nosso Brasil. Tenho certeza. E deixo claro aqui: esse 50% aqui – Mauro Mendes e Tarcísio – não é PL não. Tem gente boa em todos os partidos.”

Em mensagem aos opositores políticos e à própria Justiça, o ex- chefe do Executivo reafirmou a intenção de se candidatar à presidência em 2026 e disse que “eleição sem Bolsonaro é negar a democracia no Brasil”. “Se sou tão ruim assim, me derrote”, desafiou.