Interrogatório de Bolsonaro: Brincadeira com Moraes, recusa da faixa e críticas às urnas

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Durante interrogatório, ex-presidente convida Alexandre de Moraes para ser seu vice em 2026, defende críticas às urnas e justifica ausência na posse de Lula.

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Em um dia de depoimento aguardado no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protagonizou, até o momento, momentos de tensão e descontração. O interrogatório, que teve inicío às 14h30, está sendo transmitido ao vivo pela TV Justiça.

Durante seu interrogatório no âmbito do inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, Bolsonaro chegou a brincar e convidar o ministro Alexandre de Moraes para ser seu vice-presidente em 2026.

A inusitada proposta surgiu quando Bolsonaro falava sobre suas viagens e mencionou uma ida futura ao Rio Grande do Norte. Ele perguntou a Moraes se o ministro gostaria que enviasse as imagens da viagem, ao que Moraes respondeu que “declina” do envio das fotos.

Em seguida, após perguntar se poderia fazer uma brincadeira, Bolsonaro declarou: “Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026”. Moraes, rindo, respondeu: “Eu declino novamente”. O ministro, que tem sido alvo prioritário das ofensivas de Bolsonaro contra o tribunal, agora é o responsável por conduzir o processo que pode levar o ex-presidente à prisão, tornando o diálogo ainda mais notável.

Recusa em passar a faixa presidencial a Lula

Bolsonaro também explicou por que não passou a faixa presidencial ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 1º de janeiro de 2023. “Não passei porque não ia me submeter a passar a faixa pra esse atual mandatário aí”, disse o ex-presidente. Ele viajou para os Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, dias antes da posse de Lula.

Desconfiança sobre as urnas e “quatro linhas” da Constituição

Em outro momento do interrogatório, Bolsonaro defendeu sua conduta, afirmando que nunca agiu contra a Constituição. “Vossa excelência e o ministro [Luiz] Fux não me viram agir contra a Constituição. Eu agi dentro das quatro linhas o tempo todo. Às vezes eu me revoltava, falava palavrão, mas fiz aquilo que devia ser feito”, declarou.

O ex-presidente também reiterou suas críticas às urnas eletrônicas, enfatizando que sua desconfiança não era exclusiva dele.

Ele alegou que usava a retórica contra o sistema eletrônico de votação desde 2012 e chegou a ler antigas declarações do ministro do STF Flávio Dino e do presidente do PDT, Carlos Lupi, para exemplificar que políticos de esquerda também já haviam criticado o sistema.

O depoimento de Bolsonaro era o mais aguardado entre os réus do processo, marcando a primeira vez que ele respondeu diretamente a perguntas de Alexandre de Moraes.