A crescente tensão política entre Brasil e Estados Unidos tem gerado grande preocupação na indústria catarinense. O setor, por meio da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), defende o diálogo como a única saída para evitar a aplicação do chamado “tarifaço”, que, se confirmado, trará consequências graves não apenas para o setor produtivo, mas para toda a sociedade brasileira.
O assunto foi o principal tema da reunião da diretoria da FIESC na última sexta-feira (18).
De acordo com relatos de industriais à Federação, embora ainda não haja cancelamento formal de pedidos, muitos clientes já estão solicitando o atraso no embarque de mercadorias, aguardando maior clareza sobre a situação.
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EUA: Principal destino das exportações catarinenses de valor agregado
“O ônus será para a sociedade. Dependemos muito dos Estados Unidos. É o destino para o qual exportamos produtos de valor agregado e que não conseguiremos redirecionar para outros mercados no curto prazo”, alertou o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. Ele enfatizou que os EUA são, de fato, o principal destino dos embarques catarinenses.
No ano passado, Santa Catarina exportou US$ 1,74 bilhão para os Estados Unidos. Entre os principais produtos embarcados estavam obras de carpintaria para construções, motores elétricos, partes de motor, madeira, transformadores elétricos e partes e acessórios para veículos.
“Reconquistar um cliente norte-americano perdido por conta de aplicação de tarifas é difícil e caro. Então, o prejuízo será enorme. Temos uma relação de 200 anos de comércio e cooperação. Não podemos perder isso”, declarou Aguiar, ressaltando a importância histórica e econômica da parceria.
FIESC defende negociação e prorrogação de prazos
Na última quarta-feira, 16 de julho, Mario Cezar de Aguiar se reuniu com o vice-presidente da República e ministro de Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, para reforçar a importância do diálogo na tentativa de reverter os potenciais impactos negativos do tarifaço.
No encontro, Aguiar salientou que a retaliação seria o pior caminho, pois ampliaria ainda mais os prejuízos para a indústria brasileira.
“Além de tentar reduzir as tarifas, precisamos buscar alternativas como a prorrogação do prazo de início da aplicação, para haver mais tempo para as negociações e para que as empresas tenham fôlego para se reorganizar e buscar novos mercados”, afirmou, reforçando que a palavra de ordem é negociar.