Apesar de 4,5 bilhões de pessoas já terem sido vacinadas contra a Covid-19 em todo o mundo, o número de casos e óbitos ainda está em crescimento em todos os continentes.
“Estamos aprendendo com a pandemia dia após dia. As pessoas que falaram que a pandemia terminaria em 2021 erraram todas. Em 2021, na realidade, vejo o pior momento e estamos em alta”, comenta presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, que também é médico hematologista e professor titular de medicina clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Desde janeiro de 2020, o número de casos cresceu em todo o planeta. Foram duas grandes ondas bem nítidas, com o pico em janeiro de 2021 e em maio de 2021.
Se as variantes Delta (B.1.617.2, indiana) e Lambda (C.37, peruana) não se multiplicarem no Brasil e a velocidade de vacinação da população for acelerada, a pandemia pode acabar nos próximos dois anos.
A projeção é baseada em um modelo matemático, explicado pelo presidente Butantan, na videoaula online “A pandemia e a vacinação no Brasil e no mundo”.
A previsão mostra que o número de casos começa a cair a partir deste mês, conforme a vacinação avança nos estados.
“Se houver aceleração da vacinação, é possível que essa curva diminua mais rapidamente. Mas se, por outro lado, ocorrer o aumento das variantes, principalmente a Delta, pode ser que essa curva se prolongue ainda mais com o tempo”, explica.
Mas nem tudo depende das variantes. O professor relembra que é preciso continuar seguindo as medidas de proteção, como uso de máscaras, distanciamento físico, evitar aglomerações e aumentar a velocidade da vacinação.
“Estamos vendo o mês 10, mês 11 e projetando o começo do próximo ano ainda com o número de casos elevados por dia e o número de óbitos também da mesma maneira, muito semelhante com o que observamos em maio, junho do ano passado”, lembrou.
Uma das conclusões do Projeto S, estudo de efetividade que o Butantan realizou no município paulista de Serrana para entender o impacto da vacinação no controle da pandemia, revelou que a cidade ficou protegida contra o SARS-CoV-2 com a imunização de 70% da população.
A porcentagem serve de parâmetro para o resto do Brasil, mas, até o momento, somente 20% a 30% das pessoas tomaram as duas doses ou dose única da vacina contra a Covid-19, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa brasileiros.
A mensagem mais importante deixada pelo presidente do Butantan, Dimas Covas, é a necessidade de manter um ritmo acelerado de vacinação. “Temos o desafio de vacinar 100 milhões de pessoas (com as duas doses). Quanto mais rapidamente vacinarmos esses 100 milhões, mais rapidamente vamos diminuir a curva e chegar próximo do zero.”
No Brasil, mais de 106 milhões de pessoas já tomaram a primeira dose e só cerca de 45 milhões tomaram as duas doses ou dose única.