Uma investigação, que apura a prática de crimes, como associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro, levou à prisão a analista de contabilidade da prefeitura municipal de Major Vieira, Marenize Terezinha Brocco, e seu companheiro, André Patrick Liskoski Oliveira.
Marenize cumpre prisão preventiva no Presídio Feminino de Itajaí e André Oliveira está na Unidade Prisional de Canoinhas. Ambos foram presos na manhã de terça-feira (21), na Operação Conta Zerada, deflagrada pelo Ministério Público de Santa Catarina.
As informações dos desvios de valores e patrimônio incompatível com a renda chegaram ao Ministério Público por notícia do atual Prefeito de Major Vieira, Adilson Lisczkovski, e dos seus Secretários, que desconfiaram que os investigados efetuavam diversos pagamentos de boletos para beneficiários que não eram fornecedores do município, muitos dos quais parentes da contadora, que é servidora da prefeitura desde fevereiro de 2012.
Marenize e André, porém, já respondem por outro processo, por atos de improbidade administrativa, consistente no desvio de dinheiro público do Município de Major Vieira, para proveito próprio e que acarretou em enriquecimento ilícito.
Neste caso, as investigações tiveram início após ter sido observado um fluxo muito intenso de transferências eletrônicas emitidas pela prefeitura de Major Vieira, tendo como beneficiários Marenize Terezinha Brocco e André Patrick Liskoski Oliveira.
Importante destacar que André nunca ocupou cargo, tampouco figurou como fornecedor ou prestador de serviços do município de Major Vieira. Sendo assim, não há nada que justificasse legalmente os $$$$ transferidos dos cofres públicos para sua conta particular.
Segundo o Ministério Público, os numerários saiam das contas da Saúde, salários e do Fundo de Previdência dos Servidores, sendo que o montante de transferências, durante o ano de 2013 até fevereiro de 2014 teriam chegado ao patamar de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). Note-se que as transferências ilegais começaram apenas um ano depois de Marenize ingressar como servidora na Prefeitura.
Por ser possível que em meses e anos subsequentes os desvios financeiros tenham continuado a acontecer, uma vez que Marenize continuou trabalhando livremente no setor contábil da Prefeitura de Major Vieira, a Justiça requereu então a quebra do sigilo bancário do casal, referente ao período de 2014 à 2021.
COMPRA MILIONÁRIA
O mesmo funcionário que observou as movimentações bancárias ‘fora do comum” também relatou que em meados de 2014, Marenize adquiriu uma residência de alto padrão em Canoinhas, com piscina e área de festas, imóvel esse que foi postado pela própria Marenize em sua rede social (Facebook).
A aquisição seria incompatível com seu salário de contadora, que na época era cerca de R$ 3 mil mensais e seu marido era autônomo. A casa teria custado aproximadamente R$ 400 mil reais, mas ele não soube informar se ela constava como proprietária do Imóvel no Cartório de Registro de Imóveis ou se a compra foi registrada em nome de terceiro.
Nas fotos postadas em rede social, a residência recebeu comentários como sendo “chiquérrima e de muito bom gosto” e “digna de uma casa Claudia” (Casa Claudia foi uma revista brasileira de decoração).
CONFIANÇA E MANIPULAÇÃO DE DADOS
Dentre as atribuições funcionais, Marenize era responsável pelo Setor de Contabilidade da Administração Municipal de Major Vieira, com acesso direto aos cofres públicos e folhas de pagamento de todos os servidores.
Nos depósitos que aconteceram na conta de seu companheiro, Marenize inseriu a informação de esses pagamentos referiam-se a salários, mesmo sabendo que essa informação era falsa.
Da mesma forma, nos depósitos efetuados em conta mantida por ela em uma agência bancária, por diversas vezes inseriu a informação de que tais transferências referiam-se a salários, apesar de estar ciente que todos os valores a que fazia jus como funcionária pública já tinham sido efetivamente pagos na conta da sua titularidade junto a outro banco.
Nessa condição, a contadora realizou diversos atos ilegais, que supostamente implicaram seu enriquecimento ilícito; acarretaram danos ao erário e violaram os princípios da administração pública.
Após a prisão de Marenize e André no dia 21 de setembro, as investigações prosseguiram, tendo mais um desfecho na noite da última terça-feira (28), quando a Polícia Civil de Canoinhas cumpriu um mandado de busca e apreensão, e recolheu dois caminhões que estavam em nome dos investigados.
Nesta segunda fase da Operação Conta Zerada, os desvios já foram estimados em cerca de R$ 200 mil reais, mas podem ser maiores, visto que a investigação ainda está em curso e segue, claro, em segredo de justiça, onde o acesso aos dados processuais estão limitados às partes e os seus advogados.