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Sem pinhão não! UFPR desenvolve técnica para salvar araucárias da extinção

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Professor Flávio Zanette, da UFPR, conduz estudos com a espécie há quase 40 anos.

A colheita e a venda do pinhão está liberada desde o início de abril. O início da safra coincide com uma boa notícia: a colheita dos primeiros pinhões cultivados durante uma pesquisa que quer salvar as araucárias da extinção.

A Araucária Angustifolia, conhecida também como pinheiro do Paraná, entrou na lista das espécies ameaçadas de extinção.

Segundo a conclusão de um estudo da Universidade de Reading, no Reino Unido, a ausência de estratégias de conservação, a intensa exploração comercial da madeira e as mudanças climáticas podem levar a Araucária à extinção até 2070.

A Araucária (Araucaria angustifolia) é nativa da região Sul e de algumas áreas do Sudeste do Brasil. Imagem: Webysther/Wikimedia Commons

Por conta disso, existem leis no Brasil que limitam o corte destas árvores e preveem multas pesadas para os infratores. As restrições também se aplicam a quem colhe os pinhões, que são as sementes da Araucária, fora de época.

De acordo com especialistas, a lei é importante pois respeita o tempo de resguardo, que garante o amadurecimento das sementes e o surgimento de novas árvores.

O professor Flávio Zanette, da Universidade Federal do Paraná – UFPR – é um dos maiores pesquisadores da araucária no país.

Junto com uma equipe, ele conduz uma pesquisa com a espécie há quase 40 anos. Em 2016, foram plantados exemplares que passaram por enxertos de árvores altamente produtivas.

Os pesquisadores tentavam reduzir o tempo que uma araucária leva para dar os primeiros pinhões, que, normalmente, é de 15 anos, e aumentar a produção de sementes.

A colheita da primeira pinha do experimento e a constatação do sucesso da pesquisa foram bastante comemoradas.

“Nós conseguimos fazer seleção sem mudança genética. Buscando uma técnica para multiplicar as árvores que ainda restam”, explica o professor.

De acordo com o professor, além dos avanços biológicos para a preservação da espécie, os resultados da pesquisa também trazem um aspecto de otimismo econômico.

“Com a técnica de enxertia o nosso clone começa a produzir pinhas com menos de um metro de altura, com menos de sete anos. Quantidade e precocidade que vão estimular o agricultor a plantar, porque vai dar dinheiro para ele, ele vai ganhar com isso. E, dessa forma, nosso pinheiro está salvo”, comemora Zanette.

FLORADA PRECOCE

Em fevereiro de 2020, um fato inédito foi comemorado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná.

Uma muda de Araucária foi enxertada com um pedaço de tronco e, com apenas dois anos e meio de enxertia, os ramos já têm botões florais se formando. A expectativa era de que a florada ocorresse apenas após cinco anos da enxertia.

 O enxerto foi feito com tronco, e não com galhos. Foto: Flávio Zanette

As razões da precocidade foram apontadas por Zanette: a enxertia adequada com material adulto e a seleção de uma matriz produtiva de alta qualidade e produtividade.

O tronco enxertado teve como origem o clone de uma Araucária existente em Caçador, no Oeste catarinense, famosa por produzir cerca de 200 kg de pinhões ao ano, quando o habitual não passa de 100 kg ao ano em plantas de boa qualidade.

Quanto à precocidade, na natureza, sem enxertia, uma Araucária só inicia a produção depois de 10 anos de plantio.

Na ocasião, o professor Zanette afirmou que as primeiras pinhas seriam colhidas em meados de abril de 2022, o que realmente aconteceu.

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