Por decisão proferida pelo juízo da comarca de Pinhalzinho, acontece na próxima quarta (9), o julgamento do homem acusado pela chacina ocorrida em uma creche em Saudades, cidade vizinha a Pinhalzinho, no Oeste catarinense. O julgamento acontecerá no Salão do Tribunal do Júri da comarca, com início previsto para 8h30.
O réu foi denunciado por 19 crimes de homicídio entre consumados e tentados. Em maio de de 2021, ele entrou na creche e, com uma adaga – espécie de espada – golpeou fatalmente duas professoras e três bebês. Um menino, com menos de 2 anos, foi socorrido a tempo e conseguiu se recuperar. Henry teve ferimentos na bochecha, lábios, barriga e uma perfuração em um dos pulmões.
Tragédia em Saudades
Naquela terça-feira trágica de 4 de maio de 2021, todas as atenções do país se desviaram para o massacre inédito de crianças com menos de dois anos de idade.
A chacina foi cometida em um pequeno município, com pouco mais de 10 mil habitantes. O jovem, que tinha 18 anos na época, invadiu a Escola Infantil e Berçário Pró-Infância Aquarela com uma adaga e deu golpes em várias pessoas que estavam no pátio e nas salas da unidade.
No ataque, morreram duas professoras; Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, e Mirla Amanda Renner Costa, de 20 anos e três crianças: Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses; Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses; e Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses.
Autor dos crimes escolheu a creche pela “fragilidade das vítimas”
De acordo com o delegado Jerônimo Maçal, responsável pelo inquérito, o homem preso agiu para matar o máximo número de pessoas na creche.
Durante as diligências, a polícia descobriu que o jovem, inicialmente, tinha intenção de matar pessoas de seu convívio familiar, mas como não conseguiu adquirir arma de fogo, escolheu a creche pela “fragilidade das vítimas”, de quatro a cinco dias antes do ataque.
Doença mental
A defesa submeteu o acusado a pelo menos três exames de insanidade mental, na intenção de suspender o julgamento, porém sem êxito. O Juiz da Comarca de Pinhalzinho, Caio Lemgruber Taborda, afirmou que ficou icou “cabalmente demonstrado” não existir qualquer doença mental que tenha ocorrido após os crimes que justificasse a suspensão do julgamento.
O magistrado também destacou que a perícia oficial – executada pelo IGP, do Estado – e a perícia apresentada pelo MPSC – realizada pelo Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) – atestaram que o réu tinha plena consciência dos atos que praticou e de suas consequências, bem como do mal que causaria às suas vítimas, quando cometeu os crimes, contrariando o parecer encomendado pela defesa.
Punição rigorosa
O Tribunal de Justiça de Santa Catarina negou o pedido da defesa do acusado para transferir o julgamento para outra comarca. Foi argumentado que Pinhalzinho é um município pequeno onde todos se conhecem e sabem o que aconteceu em Saudades.
Além disso, uma parte da lista dos jurados é composta de professores, mesma profissão de duas das vítimas. A defesa afirmou que isso causaria parcialidade no julgamento. O Tribunal não aceitou os argumentos e rebateu.
O Promotor de Justiça Bruno Poerschke Vieira, que representará o Ministério Público na sessão, ressalta que o MP vai requerer uma punição rigorosa e exemplar ao assassino. “Sem nenhuma piedade, a qual ele não teve com as vítimas, demonstrando-se que no Tribunal do Júri se pratica a justiça pública, tão almejada pela sociedade”, disse.