Um adolescente que matou, 2 anos atrás, quatro colegas de classe a tiros em sua escola, nos arredores de Detroit, foi sentenciado nesta sexta-feira (8) à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional, após horas de depoimentos angustiantes de familiares e amigos das vítimas. O jovem está em confinamento solitário há dois anos.
Ao longo de mais de quatro horas, parentes das vítimas e sobreviventes do ataque detalharam o sofrimento diário para deixar a lembrança do massacre para trás.
Ethan Crumbley tinha 15 anos quando abriu fogo na Oxford High School, em 30 de novembro de 2021, com uma pistola semiautomática que havia ganhado de presente de Natal de seu pai alguns dias antes. Seis outros estudantes e uma professora também foram feridos.
Os pais de Crumbley também foram acusados de homicídio culposo em conexão com o tiroteio. Trata-se de um dos primeiros casos nos EUA que buscaram responsabilizar os pais pelo massacre cometido pelo filho.
O juiz Kwame Rowe, do condado de Oakland, rejeitou o pedido de possibilidade de liberdade condicional feito pelos advogados de defesa e chamou o massacre de um “verdadeiro ato de terrorismo”.
Rowe disse que a vítima Justin Shilling, de 17 anos, foi baleada à queima-roupa depois de o réu ter dito para se ajoelhar. Hana St. Juliana, de 14, foi baleada pela segunda vez depois de cair, disse ele.
“Isso é uma execução. Isso é tortura. Ele atirou na maioria das pessoas várias vezes. E, como escreveu, fez isso pela notoriedade. E ele queria ser considerado como o maior atirador escolar da história de Michigan.”
Antes da sentença, Crumbley disse ao juiz: “Sou uma pessoa muito má. Fiz coisas terríveis que ninguém deveria fazer.” E acrescentou: “pretendo melhorar”.
Crumbley é o primeiro menor condenado à prisão perpétua desde a decisão da Suprema Corte de 2012
Ethan Crumbley tornou-se o primeiro menor a receber uma sentença original de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional desde uma decisão da Suprema Corte dos EUA em 2012 que afirma que condenar uma criança à prisão perpétua sem liberdade condicional é excessivo para todos, exceto para o raro infrator.
De acordo com os documentos judiciais do caso, Crumbley, agora com 17 anos, é o primeiro delinquente juvenil a ser originalmente condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional após a decisão da Suprema Corte dos EUA sobre menores e penas de prisão.