A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou, nesta terça-feira (28), a primeira estimativa para a safra brasileira de café de 2025. O levantamento aponta para uma produção total de 51,8 milhões de sacas de café beneficiado, o que representa uma redução de 4,4% em relação à safra anterior.
A redução na produção de café ocorrerá mesmo com o aumento de 0,5% na área de cultivo, que atingiu 2,25 milhões de hectares. Desse total, 1,85 milhão de hectares estão em produção e 391,46 mil hectares em formação.
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O preço do café está, em média, a R$ 48,57 o quilo; grão moído teve alta de 39,60% em 2024, segundo IPCA de dezembro. Em janeiro de 2024, o valor era de R$ 35,09 o quilo. Este aumento está relacionado a fatores como mudanças climáticas, crescimento da demanda global e custos logísticos.
Nos últimos quatro anos, o setor cafeeiro enfrentou dificuldades climáticas, incluindo geadas e ondas de calor. Essa sequência de adversidades impactou diretamente a produção, e a expectativa é de que as lavouras demorem para se recuperar, com possibilidade de preços elevados até 2026.
Causas da redução na produção
A queda na produção de café é atribuída a dois fatores principais:
- Ano de baixa bienalidade: O ciclo de bienalidade do café se alterna entre anos de alta e baixa produção. 2025 é um ano de baixa bienalidade, o que significa que a produção seria naturalmente menor.
- Efeitos climáticos: A restrição hídrica e as altas temperaturas nas fases de floração impactaram negativamente a produtividade do café. A média nacional de produção deverá atingir 28 sacas por hectare, 3% abaixo do rendimento da safra 2024/25.
Desempenho das variedades de café
A produção de café arábica, a variedade mais cultivada no Brasil, deve atingir 34,7 milhões de sacas, uma queda de 12,4% em relação ao ciclo anterior. Esse desempenho reflete a baixa bienalidade e as adversidades climáticas, especialmente em Minas Gerais, maior produtor do país, onde a redução foi de 12,1%.
Já a produção de café conilon, variedade mais resistente e cultivada em regiões mais quentes, deverá alcançar 17,1 milhões de sacas, um crescimento de 17,2%. Esse aumento é impulsionado principalmente pelos bons resultados no Espírito Santo, que responde por 69% da produção nacional dessa espécie.
Realidades regionais diversas
Os estados produtores de café apresentam realidades distintas:
- Minas Gerais: O maior produtor nacional deve colher 24,8 milhões de sacas, uma redução de 11,6% devido à baixa bienalidade e à seca.
- Espírito Santo: O segundo maior produtor prevê um crescimento de 9%, com 15,1 milhões de sacas, impulsionado pela produção de conilon.
- São Paulo: Produtor exclusivo de arábica, projeta 4,6 milhões de sacas, uma redução de 15,3% causada pela baixa bienalidade e condições climáticas adversas.
- Bahia: A produção total deve crescer 11,3%, com 3,4 milhões de sacas, sendo 2,2 milhões de conilon e 1,2 milhão de arábica.
Cenário do mercado de café
As projeções para a safra atual apontam para um cenário de maior restrição na oferta global de café, com estoques em patamares historicamente baixos e uma demanda crescente no mercado internacional.
A produção mundial de café para 2024/25 está estimada em 174,9 milhões de sacas, um avanço de 4,1% em relação à safra anterior, enquanto o consumo global deve alcançar 168,1 milhões de sacas.
Esse quadro tem sustentado a alta nos preços internacionais, com o café arábica e o robusta registrando elevações significativas nas bolsas de Nova York e Londres.
Exportações brasileiras de café em 2024
Em 2024, o Brasil alcançou um recorde histórico na exportação de café, com o envio de 50,5 milhões de sacas ao mercado internacional, um crescimento de 28,8% em relação ao ano anterior. O desempenho gerou uma receita de US$ 12,3 bilhões, marcando um aumento de 52,6% na comparação com 2023.
Estoques nacionais de café em queda
Os estoques nacionais de café registraram queda significativa, reflexo do aumento expressivo das exportações. Ao final do primeiro semestre de 2024, o volume armazenado era de 13,7 milhões de sacas, 24% abaixo do registrado em 2023.
A tendência é de novos recuos nos estoques devido à forte demanda externa, o que deve ser observado também em escala global.
Políticas econômicas e preços mínimos estabelecidos pelo Governo
No Brasil, as políticas econômicas também influenciam os preços. O governo estabelece preços mínimos para o café, que são calculados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essas políticas podem afetar o mercado global, uma vez que o Brasil é um player significativo na oferta mundial de café.
O que esperar para 2025 e 2026
Especialistas apontam que a recuperação das lavouras depende das condições climáticas dos próximos anos. Caso 2025 registre um clima mais ameno, a oferta poderá melhorar, aliviando os preços. No entanto, um cenário de novas adversidades pode manter o café como um item ainda mais caro nas prateleiras.